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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

artigos. Na segunda e terceira parte, tratamos, respectivamente,

dos congressos da Compós e da Intercom e na quarta parte fo-

camos nas especificidades das pesquisas sobre fãs no contexto

da cibercultura.

2 Um olhar acadêmico sobre o fã

A definição de fã é tradicionalmente associada ao en-

tretenimento, em que uma pessoa passa a admirar uma celebri-

dade ou obra midiática

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, por exemplo, estrelas de cinema, séries

de TV e histórias em quadrinhos. Diferencia-se de um público

“comum” por ter uma experiência mais aprofundada e engajada.

Um leitor não apenas lê uma obra: ele a reinterpreta, a ressig-

nifica. Há uma forte apropriação para a sua vida cotidiana: sua

identidade cultural é construída a partir dela, como aponta Hills

(GRECO, 2015). Para Jenkins (1992, p. 23), eles “são produto-

res ativos e manipuladores de sentidos”. Nesse sentido, o fã vai

criar um texto próprio (fanfiction), pois não está contente com

os caminhos tomados pelo seu filme ou série preferidos ou, ain-

da, acredita que personagens podem ser mais explorados. E por

que não juntar personagens de diferentes séries em um univer-

so único? As possibilidades são infinitas, ainda mais tratando-se

de investir tempo naquilo de que se gosta.

Geralmente, este fã não se encontra sozinho, compon-

do uma comunidade de fãs, chamada de fandom. E eles não es-

tão mais escondidos em suas comunidades. Matérias em mídias

tradicionais, como o jornal e a televisão, mostram coberturas de

convenções de fãs para um público não fã, como, por exemplo, a

Comic Con

, um dos maiores eventos de cultura pop, que aconte-

ce em San Diego, nos Estados Unidos. Como salienta Sandvoss

(2005, p. 3), “tornou-se impossível discutir consumo popular

sem referência a fandom e teoria sobre fã, assim como se tornou

quase impossível encontrar domínios da vida pública que não

sejam afetados por fandom”. Observando essa relevância, os es-

tudos sobre fãs surgem inicialmente com o intuito de refletir so-

bre diversas questões relacionadas, como as de identidade e de

práticas comunicacionais ligadas às mídias de alta visibilidade.

3

Nos estudos sobre fãs são identificados como “texto midiáticos”.