Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
em pesquisas em que primeiro se cria uma problemática e se
teoriza e somente depois se parte para o empírico. Aqui a con-
frontação com o empírico é o que deve fornecer as bases para
teorização e hipóteses. O pesquisador deve ir a campo livre de
noções já estabelecidas e observar o que surge dali.
É claro que, conforme a trajetória desse pesquisador, ir
totalmente isento de prenoções pode ser impossível, principal-
mente se ele não for um iniciante. Para as autoras (ibid., p. 90),
“Se, ao contrário, reconhecer essa experiência e esse lugar de
fala como existentes, essa carga de percepções pode influenciar
de forma positiva, como forma de gerar uma percepção parti-
cular”. Aliada a isso, a sensibilidade teórica, um dos elementos
constituintes da TF, permite explorar a teorização. Acreditamos
que nossa trajetória
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– relacionada a essas pesquisas – pode
contribuir de forma positiva, e, consequentemente, esse conhe-
cimento prévio de que trata a TF poderá ser percebido ao longo
deste texto através de observações, recortes e comentários.
Na Teoria Fundamentada, a coleta de dados é o primeiro
passo. Assim, buscamos as pesquisas sobre fãs na Intercom e na
Compós a partir dos títulos e das palavras-chave que contivessem
os termos “fã”, “fãs”, “fandom”, além de outras que remetessem de
alguma forma a esse contexto, como palavras relativas às práti-
cas de fãs, tais como “fanfiction” e “fanzine”. Devido às particula-
ridades dos buscadores, muitas vezes é impossível encontrar um
trabalho usando apenas os dois primeiros termos, pois frequen-
temente os resultados relacionados apresentam qualquer palavra
que contenha as sílabas “fa” e “fas”; assim, foi necessário olhar tí-
tulo por título e palavra-chave por palavra-chave.
Para um recorte mais preciso, não foram considerados
termos que podem também determinar “fã”, mas que, dependen-
do do enfoque da pesquisa, podem ter um conceito diferenciado,
com autores e teorias diversas, como nos contextos de pesqui-
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Adriana Amaral trabalha com a questão dos fãs desde 2002, quando da defe-
sa de sua dissertação de Mestrado sobre o tema, uma das primeiras a serem
defendidas do Brasil no campo da Comunicação em nível de Pós-Graduação, e
suas pesquisas atuais sobre o tema têm sido apoiadas por órgãos como o CNPq.
Já Giovana Carlos defendeu dissertação de Mestrado sobre práticas de fãs de
mangá reconhecidas como scanlation em 2011, na Universidade Tuiuti do Pa-
raná, e atualmente desenvolve tese de Doutorado sobre fandoms femininos de
literatura de massa e suas relações midiáticas de trabalho.