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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

Esses colecionadores não apenas mostram seus acervos, mas

também adquiriram, assim, um conhecimento bastante específi-

co que interessa, acima de tudo, aos curadores de museus cientí-

ficos e técnicos

18

. No domínio dos arquivos públicos, os próprios

conservadores institucionalizaram a cooperação com os amado-

res. Propõe-se às pessoas que elaboraram sua genealogia e vão

se desfazer dos seus registros de estado civil que enviem a um

site colaborativo as informações coletadas sobre os velhos acer-

vos cartoriais. Constitui-se assim, através de uma base de dados,

um saber compartilhado

19

.

3.4 A cooperação entre o amador e o especialista

Essa cooperação se desenvolve igualmente no universo

científico, mais particularmente no domínio em que as obser-

vações devem ser efetuadas fora do laboratório. Esse é o caso

da astronomia e da botânica. Já nos séculos XVIII e XIX havia

numerosos naturalistas amadores, mas atualmente a prática da

botânica amadora assume outra dimensão. Dezenas de milhares

de botânicos amadores participam da revisão de todas as plan-

tas observáveis da França. Tela Botanica organiza a constituição

dessa ampla base de dados (230 mil páginas indexadas). Tam-

bém em outros projetos os amadores e as fontes colaboram com

as instituições científicas, como o Museu de História Natural.

Assim, a Vigilância Periódica de Aves Comuns (

Suivi Temporel

des Oiseaux Communs

– STOC) permite observar as zonas onde a

população das aves diminuiu ou está ameaçada, e “

Sauvages de

ma rue

” se propõe a observar a flora comum em ambiente urba-

no. Todos esses projetos se inscrevem numa preocupação con-

temporânea: a proteção da natureza. Nesse contexto, a Internet

oferece os dispositivos que possibilitam unificar o conjunto de

dados e uma rede para trabalhá-los. A coleta de dados é organi-

zada pelos cientistas, que fornecem instruções sobre elementos

de classificação, definindo um protocolo de coleta das informa-

ções (data, localização, zona observada...), e assumem em gran-

18 Ver Bart Grob em HOOIJMAIJERS, Hans.

Who Needs Scientific Instruments?

Leiden: Museum Boerhaave, 2006.

19 BOUYE, Eduard. Le web collaboratif dans les services d’archives publics: un pari

sur l’intelligence et la motivation des publics. In: CONFÉRENCE INTERNATIO-

NALE SUPÉRIEURE D’ARCHIVISTIQUE, Paris, 2012.