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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

convivem com a doença, ou a experimentam ou a superaram. As

mensagens referem-se tanto à informação quanto ao aconselha-

mento e à compaixão. É isso que diz uma postagem: “progredir

rapidamente com a experiência dos outros”. Assim, essa expe-

riência comum não vem, na verdade, confrontar o atendimento

médico, mas completá-lo.

É possível questionar a qualidade das informações mé-

dicas que circulam na Internet. Como se trata de um dispositivo

de elaboração coletiva de informações, os erros são bem rapi-

damente reparados e pode-se conjecturar que a qualidade da

informação é boa

14

. Se, então, o conhecimento comum do doente

não desafia mais fundamentalmente o saber médico, ele modi-

fica, apesar disso, muito profundamente, a relação médico-pa-

ciente. A autoridade do médico pode ser discutida. No mínimo,

o doente se dispõe a pedir, de modo mais preciso, explicações.

Ele está apto a melhor debater. Em seguida, o doente pode mais

facilmente responsabilizar-se pela sua doença, pela gestão de

seus tratamentos. No entanto, é importante destacar que esse

conhecimento comum sobre a saúde não é o mesmo para todos.

Algumas pessoas desenvolvem com regularidade o trabalho de

pesquisa da informação na rede, outras não podem ou não de-

sejam, para evitar que a doença invada sua vida. O médico deve,

então, igualmente respeitar a escolha de seu paciente.

3.2 Discutir o conhecimento dos esp cialistas

O médico não é o único a ser confrontado pelos inter-

locutores mais competentes e curiosos. O professor encontra-

-se na mesma situação, sendo muitas vezes interrogado por um

aluno ou um estudante que acredita que os conhecimentos que

ele aborda são diferentes daqueles divulgados pela Wikipédia.

Ele pode se contentar em desvalorizar essa enciclopédia

online

produzida pelos amadores. Pode também integrar no seu pla-

no pedagógico a utilização das enciclopédias e dos cursos dis-

poníveis na rede, mostrar a seus alunos que os saberes não são

sempre unificados, que as controvérsias são válidas. Pode igual-

mente utilizar o período da aula para multiplicar os exercícios

14 Ver MEADEL, Cécile; AKRICH, Madeleine. Internet, tiers nébuleux de la relation

patient-médecin.

Les tribunes de la santé

, Presses de Sciences Po, n. 29, 2010.