

Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
com a indústria. Se esta abraça frequentemente a possibilidade
de aumentar a notoriedade do produto, ela podem igualmente
temer a atividade criativa dos fãs. Observa-se, assim, a constru-
ção de uma oposição fundamental. A era digital põe em xeque
o funcionamento da cultura popular industrial, que exige que a
obra seja consumida sob a forma escolhida pelo editor. Ao con-
trário, os fãs reencontram as práticas da cultura pré-industrial
na qual os contos poderiam ser reapropriados permanentemen-
te pelos ouvintes ou pelos leitores. Assim, o remix não pertence
mais ao editor, mas ao fã
11
. Esse não encontra prazer somente ao
consumir, mas ao ler, ao escutar ou ao olhar como bem entende.
2.8
User Generated Content
Apesar da diversidade de seus projetos, artistas ama-
dores e fãs enviam suas produções para as mesmas plataformas
de compartilhamento de vídeo. YouTube e Dailymotion consti-
tuem hoje os ambientes cruciais de acesso à cultura. Na França,
5% dos internautas enviaram um vídeo para um desses sites de
compartilhamento
12
. Estima-se que a maior parte desses conte-
údos seja criada pelos internautas. Isso corresponde majorita-
riamente a vídeos domésticos, mas também de remixes ou de
remakes. Estimulados pelos conteúdos produzidos pelos usuá-
rios, essas plataformas têm sido usualmente interpretadas como
uma ruptura na história dos meios. As produções profissionais
serão substituídas pelos objetos elaborados pelos próprios in-
ternautas? “
Broadcast yourself
” é de fato o slogan do YouTube.
Ademais, alguns observadores estimam que esse fenômeno vá
além dessas plataformas de compartilhamento, já que 30% dos
internautas já submeteram conteúdo escrito ou multimídia. Se
nos estendermos a todas as formas de expressão, incluindo aí
o texto, constata-se que 56% dos internautas franceses “parti-
cipam de modo ativo nos sites criados para eles” e que 95% os
consultam. Apesar de seu incontestável sucesso, essas plataformas
não substituem a televisão. Elas remetem mais a um lugar de
mistura onde se justapõem as diferentes imagens. Os fãs encon-
11 LESSIG, Lawrence.
Remix
. New York: Penguin Press, 2008.
12 Fonte: Médiamétrie 2009.