Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
tram aí um meio de divulgar um filme, de popularizar uma série
da qual enviaram uma cena, de aumentar a fama de um grupo
que gravaram em um
show
. Eles podem igualmente postar o
remix que criaram, ou mesmo difundir os clipes que produzi-
ram cantando em playback a música do seu artista favorito. A
seu lado, os músicos amadores apresentam um trecho de seu
concerto, enquanto que os produtores audiovisuais apresen-
tam suas criações. Algumas testemunhas postam o vídeo de um
evento no qual estavam presentes (manifestação, catástrofe na-
tural). Outros apresentam cenas de sua vida cotidiana: casamen-
to, férias, crianças, animais de estimação, etc. Por outro lado, os
produtores publicam na Internet os banners de seus filmes ou
suas séries televisivas. Sobre essas plataformas se encontra o
mundo dos meios de comunicação, muitas vezes reapropriado
pelos fãs, ou ainda os amadores e os cineastas do dia a dia. Essa
mistura é perceptível na organização visual do site (por exem-
plo, YouTube), pois, a partir do momento em que um internauta
clica em um material enviado, a lista dos vídeos que possuem o
mesmo tema ou que foram produzidos pelo mesmo autor apa-
rece na tela. A essa heterogeneidade dos vídeos corresponde a di-
versidade do seu público. Ele pode envolver dezenas de milhões
de pessoas num certo caso e se limitar a uma centena emmuitos
outros. Os grandes sucessos provêm, então, mais dos clipes de
famosos e trailers de filmes do que das criações dos fãs. Ao con-
trário, os vídeos privados (para familiares ou amigos) se desti-
nam a uma audiência minúscula. Para direcionar suas redes so-
ciais, os autores brincam com os títulos de seus vídeos. Se eles
falam a um grupo restrito, somente pessoas com o link podem
acessá-lo. Essas plataformas possibilitam dar visibilidade às prá-
ticas criativas que remetem hoje a um público de massa. Há,
muitas vezes, o interesse em adquirir uma notoriedade análoga
àquela que garantem os grandes meios de comunicação. Assim,
se os fãs desafiam os meios e desejam reapropriar-se deles, são,
ao mesmo tempo, largamente dependente destes.
Essas plataformas estão ligadas ao compartilhamento
e à troca entre vários universos: aquele dos fãs e dos artistas
profissionais, aquele dos meios de comunicação e da vida coti-