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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

dadãos. Escrever um artigo no seu blog ou num jornal

online

,

participar nos debates em fóruns de discussão e, mais comu-

mente, buscar persuadir ou contestar, essas são as novas prá-

ticas que me proponho a estudar agora. Nessas diferentes ati-

vidades, o amador pode escrever por prazer, realizar trocas, de-

bater com amigos ou com desconhecidos; ele pode igualmente

intervir no jogo político contestando uma decisão, denunciando

uma escolha política, propondo uma alternativa. Na esfera po-

lítica, a Internet pode, então, assumir duas formas: de um lado,

um dispositivo de expressão e de debate público, e, de outro, um

novo modelo de ação. Ainda, duas figuras se desenham: aquela

do amador da política e aquela do ativismo amador.

Produzir as informações ou as opiniões necessita de

um modo de escrita diferente da escrita amadora de que tra-

tamos anteriormente. Não envolve falar de si, de sua interio-

ridade, mas discutir questões públicas, portanto tópicos im-

pessoais. Todavia, abordar questões gerais não quer dizer que

todos participem do debate público, entrem na arena política.

Toda expressão pública na web não corresponde a essa “Inter-

net cidadã” que alguns observadores transformam rapidamente

numa nova ferramenta democrática. As ciências sociais são, na

verdade, muito marcadas por uma aproximação deliberativa do

debate público. Este é percebido como uma discussão aberta,

acessível a todos, em que se trocam argumentos racionais a fim

de encontrar um consenso. A Internet está longe de funcionar

sempre dessa forma. Ela permite exibir uma continuidade entre

opiniões privadas e opiniões públicas. De um lado, a expressão

pública na Internet se destina a públicos diversos, conhecidos

ou desconhecidos, fechados ou abertos, etc. De outro lado, os

modos de expressão são múltiplos. Se alguns trazem a forma de

uma troca estruturada de argumentos racionais, outros corres-

pondem mais a um modelo conversacional em que se debate de

maneira polêmica, por vezes decaindo numa guerra de insultos

(

flame war

). Numerosos amadores se situam numa esfera autôno-

ma de produção de informações e opiniões. Eles escrevem para

si mesmos e alguns leitores. Se acreditarmos no Médiamétrie,

esse é o caso da metade dos blogueiros, que declaram não se

destinar a “todos os internautas”. Assim, o testemunho de vários