Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
tem a possibilidade de praticar e desenvolver seus talentos, sem
a exigência de aprofundamentos religiosos. É a prática amadora
com aprendizado de novas competências.
Esta flexibilidade de aprendizado favorece igualmente
uma promoção sem muitos requisitos de tempo, conhecimentos
religiosos, exigências intelectuais, privilegiando mais a orató-
ria, numa carreira que inclui, em ordem hierárquica crescente,
obreiro, pastor e bispo. As consagrações geralmente são reali-
zadas de acordo com as necessidades, geralmente no palco, na
hora de um culto com bastantes pessoas. O que realmente im-
porta para essas instituições é a capacidade de formarem atores
com habilidades para construir um imaginário religioso, encon-
trando, neste caso específico, o apoio da mídia para prometerem
um mundo melhor.
Com demandas e ofertas, os pastores neopentecostais
atraem e fidelizam os frequentadores por meio uma religião
adaptada à compreensão fácil, sem requisitar destes um apro-
fundamento intelectual. As pregações são realizadas por inter-
pretações de trechos extraídos da Bíblia sagrada, simples e cur-
tos, porém atualizados com as necessidades de consumo que a
teologia da prosperidade
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(CAMPOS, 1999) oferece. A proposta
apresentada é a solução dos problemas atuais, pela tangência
do social: saúde, trabalho, dinheiro, casa própria, libertação das
drogas, etc., afastando-se das questões transcendentais.
Valdemiro, após ter adquirido experiência por longo
tempo na Igreja Universal, tornou-se, nas palavras de Flichy, um
“expert por baixo”, ou seja, aquele que adquiriu a sua
expertise
mediante suas experiências. Com todo este
know-how
, retornou
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“Em suma, os pentecostais de classes populares e médias, passaram a histo-
ricizar a ideia do milênio, sob o suporte ideológico da 'teologia da prosperida-
de'. Por outro lado, os modelos empregados por alguns analistas com ênfase na
libertação, que consideravam o pentecostalismo uma religiosidade escapista e
um mero ópio do povo, perderam popularidade e hegemonia. Tal como o ca-
pitalismo, que procurou se alterar depois do advento da crítica marxista e da
implantação do regime comunista em algumas partes do mundo, o pentecos-
talismo também foi forçado a abandonar a postura contracultural e a caminhar
em direção a uma religiosidade acomodada em uma sociedade dominada pelo
mercado neoliberal. Foi nesse
locus
que surgiu o neopentecostalismo, nome
dado a uma série de manifestações religiosas, mais ou menos em processo de
distanciamento daquele padrão original disseminado, a partir de 1906, dos Es-
tados Unidos para o mundo todo” (CAMPOS, 1999, p. 36).