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Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

3 A era da televisão

Pouco depois surge, na década de 1980, a televisão, e,

com ela, as chamadas “igrejas eletrônicas”

3

, termo cunhado por

Hugo Assmann. Seguindo o exemplo de Aimee, diversas igrejas

neopentecostais foram criadas dentro de estúdios de TV e de rá-

dio, usando estas mídias como meio de expansão e crescimento,

com o auxílio das arrecadações. Todas eram particulares, con-

tando com nomes como Oral Roberts, Rex Humbard e Jimmy

Swaggart, e muitos outros.

Esses líderes carismáticos também não possuíam ne-

nhuma formação religiosa, o que nos leva a questionar: por

quais competências deve ser avaliado o sucesso alcançado por

eles? Pela religiosa? Por meio da ação destes pastores neopen-

tecostais, a religião inverteu sua lógica. Ela saiu do local cô-

modo da espera no templo e foi à procura do fiel, por meio da

oferta, o que foi possibilitado pela percepção destes pastores

do que os meios de comunicação, com suas técnicas midiáticas

e inovações, estavam oferecendo como forma de divulgação.

São religiões adaptáveis às novidades tecnológicas, mutáveis

dentro da lógica itinerante das cruzadas em “catedrais de lona”,

pois, mesmo sem ainda dispor dos sofisticados meios de comu-

nicação, elas se propuseram a sair em busca dos fiéis, dispu-

tando-os entre si.

4 Os neopentecostais brasileiros

No Brasil, país coberto por um sistema de satélites

que não deixa ninguém sem a possibilidade de assistir à tele-

visão, os neopentecostais brasileiros lançaram-se, na década

3

O conceito de “Igreja Eletrônica”, assim como costuma ser empregado nos EUA,

tem uma peculiaridade que torna difícil sua transposição, sem mais, a essa rea-

lidade. Designa um fenômeno bastante peculiar e característico da realidade

norte-americana: o intenso e crescente uso dos meios eletrônicos, especialmen-

te da TV, por lideranças religiosas, quase sempre fortemente personalizadas e

relativamente autônomas em relação às denominações cristãs convencionais.

Elas são os superastros da TV. Pelo seu tipo de mensagem salvacionista, com

ênfase na salvação individual, são chamados “supersalvadores” (

supersavers

). É

certo que eles também utilizam abundantemente o rádio. O que os define é a sua

mensagem de “tele-evangelistas”.