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Redes digitais: um mundo para os amadores.

Novas relações entre mediadores,

mediações e midiatizações

tos. “Um determinado discurso em circulação na sociedade pro-

duzirá uma multiplicidade de efeitos, uma vez que tal estratégia

vai lidar com uma existência e multiplicidade de outros discur-

sos” (FAUSTO NETO, 2007, p. 23). Ou seja, trata-se de um “‘fluxo

adiante’ [...] em processo agonístico” (BRAGA, 2012, p. 39).

Portanto, falar de circulação é falar de reconstrução de

sentidos. É dar outro sentido a uma conjuntura comunicacio-

nal: uma “transformação pelo acionamento” (BRAGA, 2013, p.

166). A circulação, dessa forma, pode ser entendida como um

prolongamento tanto da produção quanto da recepção de senti-

dos, “por meio de uma atividade criadora e heterodoxa, que se

manifesta seja por acréscimos [...], seja por uma colagem de di-

ferentes elementos” (FLICHY, 2010, p. 32, tradução nossa), como

no caso do leigo-amador no processo de circulação do “católico”.

Esse processo é possível, primeiramente, graças a uma platafor-

ma tecnológica que conecta os agentes envolvidos. “A democra-

tização das competências repousa […] sobre a possibilidade ofe-

recida pela internet de fazer circular os saberes, de disponibili-

zar a sua opinião a um público mais vasto” (ibid., p. 10, tradução

nossa). Graças a essa nova possibilidade tecnológica, o indivíduo

comum também pode desenvolver “práticas refratárias e origi-

nais, bricolagens [sobre o 'católico', por exemplo] que podem

desembocar em descobertas” (ibid., p. 10, tradução nossa).

O “católico”, portanto, é construído primeiramente “no

pensamento e na ação dos homens comuns”, sendo depois “afir-

mado como real por eles” e, assim, reconstruído em seus proces-

sos comunicacionais. Estes, sendo também processos interacio-

nais, dão vida ao “mundo intersubjetivo do senso comum” sobre

o catolicismo (BERGER; LUCKMANN, 2012, p. 36). Nos casos

aqui analisados, percebemos que a prática amadora tanto da pá-

gina

Catecismo

quanto da página

Diversidade

estabelece novos

circuitos circulatórios ao difundir informações pertencentes a

redes distintas e pô-las em contato. “As comunidades de par-

tilha elaboram, a partir de experiências individuais, um ponto

de vista coletivo” (FLICHY, 2010, p. 66, tradução nossa). Assim,

“a circulação da informação pode assumir um caráter caótico e

acabar atingindo receptores alheios às questões evocadas; sai

assim do coletivo de origem” (ibid., p. 57, tradução nossa), rumo

a outros indivíduos e coletivos.