

Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
comunidade eclesial, embora sejam “membros inalienáveis” da
Igreja. A plataforma Facebook, nesse caso, torna-se um espaço
alternativo para que os agentes sociais, especialmente as mino-
rias e os sem voz, também possam tomar uma “palavra pública”.
Nessa ambiência, os leigos-amadores “contestam os discursos
dos experts-especialistas que os ignoraram e não levaram em
conta o seu ponto de vista; eles querem denunciar projetos po-
líticos [e teológico-eclesiásticos], tentar convencer, unir a uma
causa” (FLICHY, 2010, p. 45, tradução nossa).
É importante destacar que “a construção de significa-
do na mente das pessoas é uma fonte de poder mais decisiva e
estável. A forma como as pessoas pensam determina o destino
de instituições, normas e valores sobre os quais a sociedade é
organizada” (CASTELLS, 2013, p. 10). Especialmente no âmbi-
to eclesial católico, contraditório e conflitivo pela sua grande
diversidade interna, “onde há poder há também contrapoder”,
ou seja, “a capacidade de os atores sociais desafiarem o poder
embutido nas instituições da sociedade com o objetivo de rei-
vindicar a representação de seus próprios valores e interesses”
(ibid., p. 10). No caso da página
Diversidade
, de modo especial,
a prática amadora no ambiente digital se expressa como con-
trapoder simbólico diante da pouca expressividade (ou mesmo
da exclusão) dos valores e interesses da comunidade gay. Esse
contrapoder é exercido mediante processos de comunicação au-
tônomos, coletivos e públicos, na busca de formas alternativas
e livres diante do controle do poder eclesial institucional. Isso
se dá em um processo de circulação comunicacional, que leva à
reconstrução de elementos do catolicismo.
A prática amadora não diz respeito apenas a um pro-
cesso de individuação, ou seja, de enfatizar “os projetos do in-
divíduo como supremo princípio orientador de seu comporta-
mento” (CASTELLS, 2013, p. 168). Trata-se de autêntica autono-
mia, envolvendo atores individuais ou coletivos.
Autonomia refere-se à capacidade de um ator so-
cial tornar-se sujeito ao definir sua ação em torno
de projetos elaborados independentemente das
instituições da sociedade, segundo seus próprios
valores e interesses. A transição da individuação