Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações
manifesta em torno de um tema específico de interesse. Produz-
se, nesses casos, um processo de autonomização social dos indi-
víduos e dos coletivos diante das estratégias e condicionamen-
tos das instituições e das tecnologias. Trata-se de modalidades
de
resistência
, ou seja, de reação múltipla, ativa e criativa que os
usuários dão aos aparatos tecnológicos e aos construtos simbó-
licos a que têm acesso.
Por outro lado, segundo Flichy (2010, p. 87, tradução
nossa), o fenômeno da cultura do leigo-amador “reflete a von-
tade do indivíduo de
construir a sua identidade
[…]. O indivíduo
pode encontrar aí satisfações que não lhe são mais proporciona-
das pelas suas atividades profissionais”, ou religiosas institucio-
nais, nos casos acima. Tanto a página
Catecismo
quanto especial-
mente a página
Diversidade
manifestam essa busca de espaços
outros que, a seu ver, não são encontrados na instituição eclesial.
De modo a construir sua própria identidade, de acordo com suas
perspectivas teológicas próprias, os leigos-amadores congrega-
dos nessas páginas buscam formas autônomas e alternativas de
construção simbólica sobre elementos do catolicismo.
Isso fica bastante claro no caso da página
Diversidade
,
em cuja descrição afirma-se:
Missão:
Promover e difundir a Boa Nova de Jesus Cristo,
que é a participação no Reino de Deus, partilhan-
do a experiência do amor de Deus junto a todos
os fiéis que, em virtude de sua identidade e/ou
orientação sexual, frequentemente são excluídos
da comunidade eclesial.
[...] 5. Fidelidade. Somos membros inalienáveis
da Igreja Católica Apostólica Romana (grifos
nossos).
10
Por meio da página, os leitores e membros do grupo
Diversidade Católica
reconhecem um espaço legítimo para con-
gregar pessoas que, em sua opinião, sofrem exclusão perante a
10 Disponível em: <http://goo.gl/QwmNB4>.