Table of Contents Table of Contents
Previous Page  248 / 284 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 248 / 284 Next Page
Page Background

Redes digitais: um mundo para os amadores. Novas relações entre mediadores, mediações e midiatizações

para a autonomia opera-se por meio da consti-

tuição de redes que permitem aos atores indivi-

duais construírem sua autonomia com pessoas

de posição semelhante nas redes de sua escolha

(CASTELLS, 2013, p. 168).

A cultura do leigo-amador, portanto, revela não apenas

uma construção de sentido sobre elementos do catolicismo e so-

bre o seu saber-fazer que se dá nas intermitências entre o cléri-

go e o leigo, mas principalmente um processo comunicacional

em rede, que ultrapassa os limites hierárquicos da instituição

(quem pode falar o quê) e os limites técnicos das plataformas

(como falar e quando) mediante operações heterogêneas de

“inventividade artesanal” (CERTEAU, 2012). Isso se dá em um

processo de circulação comunicacional, que, como se vê, leva à

reconstrução de elementos do catolicismo.

4 A circulação comunicacional em práticas de

reconstrução do “católico”

Na era digital, possibilita-se um processo de constru-

ção simbólica em que sentidos relacionados com as crenças e

as práticas da Igreja Católica se expressam em rede de forma

pública, ou seja, coletiva, múltipla e acessível. A esses construtos

sociais vinculados ao catolicismo damos o nome de “o católico”:

não se trata meramente do que é definido nas instâncias hie-

rárquicas da instituição-Igreja, mas sim daquilo que a própria

sociedade define como sendo “católico”, ummacroconstruto vir-

tual, efêmero e aleatório originado pelas práticas religiosas de

construção de sentido.

Assim, o leigo-amador é um indivíduo que opera uma

contínua reconstrução simbólica do “católico” em termos de

identidade (individual e coletiva), de comunidade (os diversos

níveis de interação socioeclesial) e também de autoridade (as

várias relações de poder teopolítico). Pela ação dos leigos-ama-

dores, as crenças e as práticas do catolicismo tornam-se, então,

vulgarizadas e partilhadas publicamente, em nível simbólico-

-discursivo, e não apenas pelo âmbito eclesial institucional.