Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
5 Conclusões
Na ambiência da midiatização digital, a sociedade em
geral se apropria dos meios de acesso, produção e transmissão
de informações. Mediante dispositivos sociotécnicos emergen-
tes, constituem-se novas práticas sociais de construção de senti-
do, como o “católico”, à parte de qualquer formação teológica. O
acesso aos meios, o domínio básico de interfaces e a constituição
de protocolos comuns permitem que leigos-amadores produzam
“teologia” publicamente, à revelia do controle dogmático eclesial.
Os leigos-amadores, portanto, como parte central do
dispositivo de comunicação contemporâneo, manifestam um
processo de democratização dos saberes-fazeres em geral, em
nosso caso do religioso. A cultura do leigo-amador, portanto, re-
vela não apenas uma construção de sentido sobre o “católico”
que se dá nas intermitências entre o clérigo e o leigo, mas tam-
bém e principalmente um processo comunicacional em rede, que
ultrapassa os limites hierárquicos da instituição.
O “católico”, contudo, não é consensual, não expressa
uma convergência simbólica, teológica ou pragmática em relação
ao catolicismo, mas, ao contrário, é uma construção social em
rede e, por isso, concentra discursivamente uma grande diver-
gência de sentidos sobre a identidade, a autoridade e a comu-
nidade católicas. Como um “universo simbólico”, sempre em co-
nexão e expansão, o “católico” é uma matriz de significados que
desencadeia a percepção e o reconhecimento por parte do indi-
víduo daquilo que está ou não vinculado ao catolicismo nos dis-
cursos sociais em rede; e que fomenta, por sua vez, a expressão
socialmente objetivada das crenças e das práticas católicas nas
discursividades presentes nas redes sociodigitais. “O homem, ao
se exteriorizar [e, portanto, ao se comunicar], constrói o mundo
no qual
se exterioriza a si mesmo” (BERGER; LUCKMANN, 2012,
p. 136). Esse processo circulatório vincula a produção de sen-
tido eclesial institucional e também oficiosa e os rastros dos
usuários individuais sobre o “católico” no ambiente digital, que
geram novos rastros decorrentes da interação. Tais práticas ge-
ram o desvio constante e a modificação das relações de sentido,