Redes digitais: um mundo para os amadores.
Novas relações entre mediadores,
mediações e midiatizações
A comparação das relações de homens e mulheres com
os video games se faz inevitável em um primeiro momento, mes-
mo que seja apenas para se usar estes dados como motivação
para o desenvolvimento de uma investigação maior. Porém, o
foco aqui não é consolidar uma comparação ou disputa entre se-
xos e/ou gêneros e tampouco afirmar quem é “mais gamer” ou
jogador legítimo, e sim conhecer como o fato de ser mulher tem
a ver com peculiaridades na relação do indivíduo com a cultura
gamer.
3 Identidade e gênero
A cultura dos video games, ou o fato de uma pessoa se
identificar enquanto gamer, pode ser vista de forma similar ao
modo como ocorrem as identificações dos consumidores com
outros produtos de entretenimento, como o cinema e seus ci-
néfilos, e talvez até se apresente mais intensa em alguns casos.
Um autor que colabora para este entendimento da vivência com
jogos em grupo é Huizinga (2010) quando afirma que “as comu-
nidades de jogadores geralmente tendem a tornarem-se perma-
nentes, mesmo depois de acabado o jogo” (HUIZINGA, 2010, p.
15), reforçando a ideia de identificação dos indivíduos enquanto
comunidade mesmo fora do evento de “estar jogando”. Assim,
jogadores seguem vivendo a cultura dos video games em trocas
comunicacionais ocorrentes em várias instâncias de suas vidas.
Ser gamer também poderia ser um dos muitos distintivos que
compõem a identidade de um indivíduo.
Foram apresentadas anteriormente algumas informa-
ções que podem indicar que a forma como as mulheres se rela-
cionam com games, dentro de toda sua pluralidade de identida-
des e características, pode ser distinta da forma como a maioria
dos homens têm relação com jogos digitais. A hipótese de que a
quantidade de mulheres gamers vem crescendo pode ter vários
motivos, inclusive nos remeter à ideia de identidade múltipla e
fragmentada de Hall: “O sujeito, previamente vivido e estável,
está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas
de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-re-
solvidas” (HALL, 2001, p. 12).