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NOVAS TECNOLOGIAS, ESTADO E DIREITO: (RE)PENSANDO O PAPEL DO DIREITO ADMINISTRATIVO

IMPACTOS SOCIAIS E JURÍDICOS DAS NANOTECNOLOGIAS

tornar esse parâmetro critério de concorrência, para

que o mercado responda positivamente ao anseio do

estado.

O estado não deixa de lado a primazia na

condução de políticas públicas; ao contrário, a reto-

ma e assim o faz porque o risco, segundo a socieda-

de, somente pode ser por ele gerenciado, como voz

capaz de confrontar o apelo do mercado. A própria

sociedade exige o controle estatal sobre bens que re-

puta decisivos à sua própria identidade e sobrevivên-

cia, revelando-se o estado, na sua transformação, o

centro difusor de diretivas capazes de assegurar pro-

teção contra eventuais riscos das

novas tecnologias

,

que já anunciam o pós-humano e a pós-moral, com

todos os riscos inerentes a essas concepções. O esta-

do se reinventa, como sugere Santos (2010, p. 364):

Essa descentração do Estado significa menos

o enfraquecimento do Estado do que a mu-

dança da qualidade da sua força. Se é certo

que o Estado perde o controle da regulação

social, ganha o controle da meta-regulação,

ou seja, da seleção, coordenação, hierarqui-

zação e regulação dos agentes não estatais

que, por subcontratação política, adquirem

concessões de poder estatal.

As transformações impostas o estado – que pa-

recem enfraquecer a sua legitimidade – não retiram a

sua importância na configuração do espaço social.

Realçam, ao contrário, a sua primazia na condução

de políticas públicas eticamente comprometidas com

a confrontação, no presente, do avanço desmedido

do progresso, permitindo que sejam avaliados os ris-

cos, que para sempre vão se apresentar à sociedade,

na gestão das novas tecnologias. Nesse ponto, a con-

firmar a importância do estado na condução do jogo

político que as novas tecnologias instauram, a sua po-

sição pode se dar em uma hélice tríplice, em que a in-

teração se estabelece entre o governo, as universida-

des e as indústrias (ETKOWITZ, 2009), ou em uma hélice