Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
sobre os usos. Sobre a recepção, o enfoque está no
momento em que ela busca entender as interpre-
tações das mensagens. E quanto aos estudos sobre
os usos, centramo-nos no momento em que ten-
tam perceber a apropriação do objeto técnico. Na
primeira tradição, sobre a recepção, interessa-nos
mais o campo do simbólico. E, na segunda tradi-
ção, dos usos, estamos mais ligados à apropriação
do objeto técnico. Então, há uma dupla articulação
entre o simbólico e o material (PROULX, 2013, p.
84).
No final deste mesmo artigo, retoma a proposição:
Quanto aos estudos de uso, refletimos muito em
termos de apropriação do objeto técnico, estamos
mais do lado do caráter material do objeto técnico.
Quanto aos estudos de recepção, nós valorizamos
a questão da interpretação e da produção de signi-
ficação, portanto a questão do universo simbólico.
Acho que precisamos trabalhar para articular o
material e o simbólico (ibid., p. 91).
Na perspectiva de fazer esse trabalho sugerido – ar-
ticular o material e o simbólico –, nossa proposição é, primei-
ramente, deslocar o conceito de meio, agregando, porém, a im-
portância das figuras – metáforas, analogias, ícones, diagramas
– como o primeiro meio.
2 Quatro polos de funcionamento dos meios
2.1 O meio é, primeiro, uma figura – parêmia ou aforismo
O conceito de meio usual está, em geral, contaminado
pela ideologia da técnica e da tecnologia. O meio é a tecnologia.
Nossa proposição é de que o meio não se restringe à tecnologia
e à técnica. Antes de tudo, o meio é o signo, em suas dimensões
imateriais e materiais. O meio é, antes de tudo, uma parêmia.
Não há narrativa sem as figuras (de Barthes) metafóricas. As fi-
guras são, antes, imateriais. Uma inferência. Caso contrário, os
meios são ideologias-cópias materiais ou símbolos sem funda-