Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
mento nas poéticas em interação. Se inferidas as figuras em jogo,
e materializadas, já expressam um ato a jusante (Braga), mesmo
que o fluxo se encerre em seu enunciado.
2.2 Historicidade das técnicas e tecn logias
A transformação do signo em tecnologia e técnica é um
processo sócio-histórico. Referimo-nos, ilustrativamente, a um:
as tábuas de pedra dos mandamentos. Mas, certamente, esse é
apenas um de muitos outros que convergem em produzir essa
transformação histórica. Nesse processo, a questão central da
historicidade dos meios, na perspectiva comunicacional, não é o
saber técnico-funcional que é construído socialmente a montan-
te e a jusante (teoria socioantropológica de Habermas-Gehlen
sobre a ideologia da técnica), mas o saber semiodiscursivo que
se instala como operações sociais de sentido, a jusante, indo das
metáforas aos símbolos sociais reinstalados. Em termos teórico-
-filosóficos, a interposição social de novos objetos materiais, se é
transformadora por exaurir bases materiais anteriores da exis-
tência e situar novas bases, é apenas ponto de partida de novas
semiocognições que proliferam, se digladiam, em disrupções e
novas possibilidades sociossimbólicas, incluindo a possibilida-
de, nem sempre realizada, de imagens-totens nos processos de
circulação (ROSA, 2014).
2.3 A ideologia dos meios técnicos e tecnológicos
Nesse sentido, a separação entre o signo, a tecnologia
e a técnica e o sociossimbólico resulta da ideologia (por analo-
gia à crítica de Habermas) que vê a técnica e tecnologia como
representante do todo, complexo, que configura um meio de co-
municação. Este primeiro nível ideológico sobrevive com os ca-
pitais de inteligibilidade fornecidos por sistemas teóricos fortes:
a) o meio como afetação apenas técnica e tecnológica, portanto,
funcional (Habermas), onde a ideologia estaria em não reconhe-
cer algo que está fora dele (a ação comunicativa pura, descon-
taminada); b) o meio como afetação ideológica em si, como se
o a montante se realizasse a jusante de forma perfeita, ajustada,
como sociedade unidimensional (Marcuse). Esses dois sistemas
teóricos são concorrentes e parceiros da neutralidade da técnica