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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

transformação dos usos e dos públicos? Se tomarmos mais a

vertente positivista, observamos a emergência de usos e práti-

cas improváveis, todas as práticas de fãs, de remixagens, mas

ao mesmo tempo nos deparamos com extrema dificuldade prá-

tica para descrever e absorver adequadamente as práticas dos

internautas; são efêmeras, espontâneas, inesperadas

,

mas que

deixam rastros. Deparamo-nos com problemáticas de hipertex-

tualidade, multimodalidade, intertextualidade. Uma problemá-

tica em que temos uma fusão entre o polo da produção e o polo

da recepção, onde há a figura do usuário produtor, que, muitas

vezes, produz seu próprio conteúdo.

Estamos diante de “interatores”, não mais usuários

passivos, e sim usuários que selecionam, orientam, recebem,

interpretam, remixam, criam, transmitem mensagens. Estas

tecnologias interativas definem a atividade de criação de con-

teúdos pelos usuários como elemento central de um novo am-

biente informacional. Eu diria que se fizermos um balanço dos

estudos de recepção, verificaremos que há certas categorias

que foram utilizadas nesses estudos e que são pertinentes para

desenvolvermos novos modelos metodológicos de pesquisas

sobre a

web

. Estou pensando aqui em categorias como seleção,

preferência, leitura prescrita, negociação, desvio, intertextua-

lidade, interatividade, chegando até mesmo a falar de práticas

de fãs. A

web

social situa as atividades de criação e interpre-

tação no centro das práticas e dos usuários; mais do que nun-

ca, os “interatores” orientam e constroem sua própria cultura

midiática. No programa de pesquisa em que trabalho, a questão

da contribuição no mundo digital é o que me interessa, particu-

larmente. Penso que há ideias interessantes a serem persegui-

das se quisermos tentar refletir sobre os estudos de recepção:

a) Em primeiro lugar, acho que precisamos reconsi-

derar o modelo texto-leitor, a observação das práticas de in-

teração dos internautas com as páginas dos

sites

, e isso

nos

leva a superar a simples interação internauta e página

web

.

Ou seja, devemos ir além disso, interação internauta-página,

avançando em direção à ideia de pragmática sobre a qual falei.

Não podemos nos interessar simplesmente pelo modo como

os indivíduos interagem com os conteúdos, mas também o que