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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

los e seus profissionais e alfabetizar midiaticamente o público”

(CHRISTOFOLETTI; MOTTA, 2008, p. 12).

Exemplo consolidado dessa prática é o portal

Observatório da Imprensa (OI). Apesar da ligação horizon-

tal, prevalece nesses espaços o modelo informacional vertical,

onde a validação da informação ainda depende da reputação

do contribuidor, com certa posição de admirador. No entanto,

em determinadas situações, como nos fóruns de discussão que

seguem um artigo em sites como o OI, podem ser encontrados

elementos de uma lógica horizontal de reconhecimento.

Proulx (2012b) observa o “poder de agir”

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em uma

cultura da contribuição diante da dominação de um

capitalismo

informacional e cognitivo

cada vez mais consolidado, ainda que

mantidas as contradições de alcance geopolítico. Nesse sentido,

revela que a cooperação pode ser conflituosa, pois, a partir de

práticas de cooperação, podem surgir ideias emancipatórias,

mesmo em uma lógica mercantil, ao passo que expoentes de ló-

gica de mercado, tais como as empresas que exploram econo-

micamente a sociabilidade, como o Facebook e o YouTube, con-

ferem certos direitos de utilização e contribuição aos usuários,

em troca de uma proliferação de estímulos sociais ao consumo

e fixação de imagens institucionais, construindo subsídios para

novas ferramentas a partir da expropriação dos laços sociais

construídos por cada usuário. Dessas empresas derivam novas

tecnologias, que possibilitam novas formas de sociabilidade.

Nesse ciclo, o objetivo final das empresas, plataformas de mar-

keting e publicidade é a captura de capital.

No mesmo tempo e espaço de mutação, são empreen-

didas ações de uma lógica emancipatória ativista, como exem-

plificada pelas plataformas colaborativas Linux e Wikipédia, pe-

los modos de empreender o jornalismo cidadão e pelo ativismo

anônimo, entre outras alternativas aos modelos dominantes de

indústrias culturais (PROULX, 2012b). Rumo a uma cultura da

participação (JENKINS, 2009), os novos modelos de produção e

8

Esse termo pode ser ainda compreendido como a capacidade de agir, pois o

professor usa o termo

La puissance d’agir

. Ele explica a origem dessa condição

de empoderamento a partir de duas vertentes: a sociologia da dominação, onde

o termo capacidade está aliado à resistência da audiência; e poder, situação em

que o indivíduo é pensado a partir do seu poder de ser/desenvolver (Deleuze).