

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
por um processo do qual dependem alguns fatores técnicos
advindos do interesse em divulgar notícias, imagens e vídeos.
O voluntário, tendo o conhecimento desta rede, pode publicar,
comentar e divulgar material de seu interesse. Caso não tenha
um conhecimento profundo de “como fazê-lo”, pode seguir os
passos contidos nas explicações cedidas na rede CMI. A dinâ-
mica seguida para a manutenção de notícias da rede oferece
flexibilidade a seus voluntários, com inúmeras configurações
possíveis. A atuação popular no sistema do usuário contribuidor
traz uma conotação diversificada do que é a
mídia
e do que é
fazer a mídia.
Nos próprios meios tradicionais, a transmediação
(JENKINS, 2009) ainda é quase inexistente, e a participação se
desloca
em direção
ao
receptor
de notícias. Na condição do novo
usuário, o dispositivo não é mais visto como central. O usuário é
investido com habilidades específicas: não só tem um domínio
relativo de dispositivos técnicos, mas, o mais importante, age
de maneira autônoma, a partir das disposições e competências
adquiridas (PROULX, 2008).
Os novos atores de mídia independente trabalham
em uma proposta de produção de matérias que sustente suas
posições diante do poder do Estado e do que consideram mo-
nopólio da mídia. Entre os objetivos de produção do CMI, além
de notícias, estão as ações diretas, as quais envolvem aconte-
cimentos sociais – reivindicações, protestos –, mas também
comunicações de eventos específicos, como eventos culturais.
Há também o exemplo de feiras de troca (escambo), reuniões e
feiras de livros anarquistas, como as realizadas em Porto Alegre
e São Paulo. Desta forma, o portal CMI se configura como um obje-
to/meio/artefato cognitivo transgressor dos processos comu-
nicacionais (PROULX, 2008). Como uma publicação aberta de
notícias, aporta temas político-sociais e culturais na construção
de seu
espaço virtual
de interesse público, espontâneo (cons-
truída pelo voluntariado) e dinâmico.
Tal dinâmica e flexibilidade se tornam possíveis den-
tro da rede CMI pela descentralização organizacional, a qual
consegue garantir diariamente que publicações e notícias se-
jam feitas por esses voluntários, independentemente de suas