Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
independente CMI proporcionar a construção deste veículo de
comunicação por meio da colaboração de voluntários que mos-
trem interesse em participar da divulgação de informações na
rede CMI, independentemente de sua ocupação profissional, ba-
seando-se apenas no grau de identificação com a política edito-
rial do CMI. No CMI, o sistema de “circulação interacional” é defi-
nido como “movimentação social dos sentidos e dos estímulos
produzidos inicialmente pela mídia” (BRAGA, 2006, p. 28), uma
superação do modelo produção e recepção, onde a circulação é
pensada como subsequente ao instante de recepção, envolvendo
processos de “reedição” e socialização da informação.
Ou seja, o que
importa
é como a informação circula
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em
sociedade, “desde sua produção até seus usos, incluindo não só a
perspectiva imediata do ‘receptor’, mas também de sua presença
como objeto cultural” (BRAGA, 2006, p. 76). Tradicionalmente,
as teorias e pesquisas em comunicação descrevem a conexão
entre emissores e receptores através das mídias, enquanto os
processos midiáticos relacionam meios e sociedade. Assim, um
componente da processualidade midiática pode ser entendido
como “sistema de interação social sobre a mídia” ou, mais sinte-
ticamente, “sistema de resposta social”, interação social-midiáti-
ca (BRAGA, 2006).
Os novos paradigmas de produção e circulação de no-
tícias arrasam o modelo canônico de comunicação, enquanto a
autopoiese
, produção criadora através da expressão popular e
construção coletiva, resolve o primeiro paradoxo da reconfigu-
ração dos meios pelos movimentos populares, mas dá origem a
outro. Múltiplos usuários, como os voluntários do CMI, concor-
dam em contribuir para a construção de uma rede de informa-
ções. Embora esse coletivo domine as TICs, de modo a utilizar
softwares livres (
open source journalism
), construir seu próprio
site, alimentá-lo e fazer circular livremente as informações, es-
tas são ações também submetidas aos domínios econômicos e
políticos da web, enquanto dependentes de empresas que for-
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A circulação é concebida como lugar no qual produtores e receptores se encon-
tram em “jogos complexos” de oferta e de reconhecimento, no qual se realiza
negociação e apropriação de sentidos, regidos por divergências e não por linea-
ridades (FAUSTO NETO, 2010).