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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

cionamento da sociedade em escala mundial” (FAUSTO NETO et

al., 2008, p. 10).

Pelo prisma das mutações, propõe-se pensar sobre no-

vas formas de agir politicamente a partir da crítica política das

novas tecnologias. Ao refletir sobre os coletivos de softwares li-

vres, Proulx (2012c) faz referência às obras de Antonio Negri

e André Gorz e destaca o conhecimento como força produtiva

no desenvolvimento do capitalismo. Ele considera que mesmo

aqueles que se sentem instituídos em uma alternativa ao mer-

cado e ao Estado são relativamente “prisioneiros de uma pos-

tura de adaptação às mudanças apresentadas pelas indústrias

digitais”

12

(2012c, p. 7). O mesmo ocorre com o CMI, cuja inde-

pendência é comprometida pelas esferas tecnológicas ainda não

dominadas. Há pelo menos três formas de agir politicamente na

qual os sujeitos se apropriam das TICs. A primeira compreende

as ações que visam promover a acessibilidade e apropriação so-

cial e pessoal das tecnologias. A segunda compreende as variá-

veis de desvio simbólico de discursos, já que com as mutações

nos processos comunicacionais os sujeitos interpretantes estão

cada vez mais investidos de ferramentas e repertórios para a

produção de sentidos. E uma terceira via compreende a conexão

de “ações digitais dissidentes” como uma das formas de fazer

política com a utopia pós-mercadológica (PROULX, 2012c).

Assim, Proulx cita Negri, que descreveu a movimen-

tação paradoxal da subjetividade autônoma do trabalhador:

“criar valor, hoje, é colocar em rede as subjetividades e cap-

turar, desviar, apropriar-se do que eles [os trabalhadores] tor-

nam comum [...]” (apud PROULX, 2012c, p. 6). O capitalismo

depende hoje de subjetividades. É isso que paradoxalmente o

mina, porque a resistência, a afirmação da liberdade dos revo-

lucionários e ativistas, é precisamente a legitimação do poder

da invenção subjetiva, sua multiplicidade singular, sua capaci-

dade para produzir, tanto a partir das diferenças como daquilo

que é comum.

Amidiatização é percebida como transformação da “so-

ciedade dos meios” em uma sociedade cujas diferentes práticas

12 Tradução das autoras.