Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
É marcada pela transgressão, desde sua relação com o financia-
mento, nos moldes publicitários, até a linguagem e linha edito-
rial escolhidas. Tal como é conhecida hoje, caracterizou-se mais
fortemente no período de ditadura militar no país, entre 1964 e
1985, dada a necessidade de ampliar a participação popular e a
prática de imprensa livre. O termo acabou se expandindo para os
meios eletrônicos e para as
rádios-pirata
.
Já a mídia e os webjornais denominados
independentes
advêm de um processo dialógico e mais atual de comunicação,
dado que
Eles se apresentam como uma instância tão ino-
vadora quanto fascinante do uso das TICs
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para,
simultaneamente, transcender as limitações do
espaço e concentrar movimentos antiglobalização
num local de contestação específico e, ao mesmo
tempo, transformá-lo num momento chave para a
democracia global (DOWNING, 2004, p. 49).
No final da década de 1990, as demonstrações popula-
res contra a Organização Mundial do Comércio (OMC) deram ori-
gem ao fenômeno dos chamados Centros de Mídia Independente
(CMIs), em Seattle. Em 2002, havia 80 centros operando em vá-
rias partes do mundo: 31 nos Estados Unidos, nove no Canadá,
16 na Europa e seis na América Latina (DOWNING, 2004), entre
eles, o brasileiro.
Atentos principalmente às questões de desenvolvimen-
to e economia política, imigração e racismo, esses veículos surgi-
ram com a necessidade de cobertura da atuação dos próprios mi-
litantes dos movimentos populares de Seattle, bem como a par-
tir do uso das TICs, essenciais à agitação contestatória naquele
momento. Assim, os processos de edição de notícias e documen-
tários, a circulação desses produtos e sua recepção foram facili-
tados graças ao “poderoso uso da tecnologia digital na demons-
tração da realidade desafiadora dos manifestantes” (DOWNING,
2004, p. 51). Os CMIs, seus múltiplos
hyperlinks
e suas redes de
sociabilidade com grupos populares foram o “primeiro passo
nesse processo contra-hegemônico” (ibid., p. 56) experimentado
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TICs: tecnologias de informação e comunicação.