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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

diante dos abusos contra os direitos humanos e dos avanços do

capitalismo cognitivo e informacional (PROULX, 2012b).

O CMI Brasil surgiu no ano de 2000, na cidade de São

Paulo, através de um movimento organizado com base na pro-

posta dos “desdobramentos da organização dos movimentos

antiglobalização” e somente “entrou no ar” a partir de sua re-

percussão, após o encontro entre o Banco Mundial e o FMI, ocor-

rido na cidade de Praga, em 26 de setembro de 2000 (conhecido

como S26), constituindo-se como o primeiro coletivo editorial

no país. Foi através do encontro do “Dia sem Compras”

(NASCIMENTO, 2013), na cidade de Belo Horizonte, em 23 de

dezembro de 2000, ainda contando com poucos voluntários, que

o CMI se tornou um coletivo em expansão, com a proposta de

exercer a atividade de divulgação de lutas sociais.

Cerca de um ano depois que o coletivo de São Paulo se

formou, novos grupos começaram a se voluntariar para consti-

tuírem coletivos editoriais em suas cidades. Cada coletivo de-

senvolve projetos locais e todos eles, coletivamente, participam

da gestão do site. Todos os coletivos se organizam de forma não

hierárquica e têm o compromisso de aceitar os princípios e a

política editorial. Para se constituir formalmente, cada coletivo

precisa de pelo menos cinco voluntários, sendo pelo menos um

deles capacitado tecnicamente em informática (ou com dispo-

sição de aprender). No entanto, qualquer grupo menor ou in-

divíduo pode contribuir participando dos diversos projetos

(NASCIMENTO, 2013).

Esse modelo acabou se desdobrando em um sistema de

participação política da audiência a partir do uso das TICs, mas a

apropriação das técnicas consolidadas na comunicação não de-

terminou diretamente sua linguagem ou conteúdo. De fato, os

voluntários percebem, dão sentido e reconfiguram os meios de

comunicação e suas mensagens a partir da “circulação intera-

cional” (BRAGA, 2006) dos produtos midiáticos, veiculados em

modelos tradicionais.

Como interesse primordial, o CMI Brasil busca a di-

vulgação de notícias e informações sobre acontecimentos polí-

tico-sociais (LEAL, 2007), partindo da concepção de que a mí-

dia deve ir além dos interesses de lucro. Também cabe à mídia