Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
cia e uma fronteira em um ambiente fornecido de antemão pela
plataforma comunicacional ou mesmo pela instituição eclesial.
Por isso, as reconexões existem como relações de poder, disputas
por controle simbólico, ações de reconstrução, invenção e também
subversão dos indivíduos em rede, bricolagem, diferença, varia-
ção, desvio e metamorfose dos sentidos, das interfaces e dos
protocolos existentes, em um processo de transformações con-
tínuas, que apontam também para uma resistência moral, socio-
técnica e teopolítica por parte dos agentes conectados.
Dessa forma, as reconexões são uma modalidade simé-
trica de divisão do trabalho de produção de sentido, pois dois
ou mais interagentes “produzem um conhecimento novo e que
emerge das suas trocas comunicacionais” (LICOPPE; PROULX;
CUDICIO, 2010, p. 243, trad. nossa). Não se trata meramente
da
transmissão
de conteúdo das páginas católicas do Facebook
aos seus leitores, por exemplo, mas sim de uma
coprodução de
sentido
, em que uma página, ao postar algo, desencadeia ações
outras por parte dos demais usuários (como as “curtidas” ou os
“compartilhamentos”) que se darão na própria página ou fora
dela, e que, por sua vez, afetarão as potenciais novas ações dos
demais proceptores das diversas microrredes, em um processo
de circulação comunicacional.
5 Pistas de conclusão: a reconstrução do
“católico” em novos fluxos de circulação
No fluxo comunicacional de sentidos incessante que
marca as mídias digitais, o “católico” é, assim, uma complexa
construção social a partir dos mais variados polos da circulação
comunicacional, em que indivíduos, grupos e instituições não
se atêm mais a papéis fixos de “produção” e “recepção”, mas se
constituem enquanto tais justamente em sua “ação circulatória”
(FERREIRA, 2013; FAUSTO NETO, 2013). Os novos circuitos de
circulação comunicacional que surgem a partir dos dispositivos
sociodigitais, por sua vez, possibilitam a aceleração e a maior
abrangência da disseminação de conteúdos por parte dos usuá-
rios (BRAGA, 2013).