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Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados

de empírica é transposta para um plano cósmico

e tornada majestaticamente independente das

vicissitudes da existência individual (BERGER;

LUCKMANN, 1978, p. 140-141).

Portanto, a comunicação social sempre foi importan-

te, sendo usada na mediação com o mundo espiritual ou como

forma de harmonização no mundo terreno. A comunicação,

seja no gestual, no ritual ou nas trocas simbólicas, é o grande

elo entre todos, o cimento; assim, ele cria e alimenta-se dela,

que é imprescindível para a sobrevivência do grupo. Cada uma

dessas coisas preciosas tem dentro de si, aliás, uma virtude

produtora. Ela não é apenas signo e penhor; é também signo e

penhor de riqueza, princípio mágico e religioso da hierarquia

e da abundância (MAUSS, 2013, p. 77). Portanto, os processos

comunicacionais numa sociedade interferem na constituição,

na trama social. Hanno Beth e Harry Pross (1990) sustentam

nossa afirmativa de que o homem é e sempre será um produto

da comunicação:

La ciencia de la comunicación, al estar relacionada

con los procesos y creaciones más cotidianos, pa-

rece mucho más amenazada en su expresión que

otras ciencias sociales que analizan instituciones

determinadas o procesos aislados. Sin embargo,

creemos que, a pesar de todo, puede formularse

un enunciado que cubre el campo de la disciplina:

el hombre, entendido como ser social, comparte,

se comunica. El producto es comunicación inter-

subjetivamente perceptible, “objetivada”. El hom-

bre es un producto de la comunicación (BETH;

PROSS, 1990, p. 8).

Pode-se inferir que no âmbito religioso do dar e rece-

ber também estão inseridas as trocas simbólicas. Falamos, aqui,

em comunicação como forma de pertença numa sociedade, seja

qual for sua época; este dar e receber implica valor simbólico,

como relata Mauss:

Tudo se conserva, se confunde; as coisas têm uma

personalidade e as personalidades são, de certo