

Midiatização e redes digitais: os usos e as apropriações entre a dádiva e os mercados
putação têm um determinado papel nesse ambiente – que pen-
samos ser da ordem de uma lógica da doação. Estamos diante de
indivíduos que desejam, de uma forma mais ou menos conscien-
te, desenvolver boa reputação junto aos seus pares.
Gostaríamos de refletir agora sobre a forma da con-
tribuição, em si, a forma social da contribuição. Poderíamos di-
zer que ela pode ser definida por relações horizontais de troca.
Explicamos que o reconhecimento social de uma contribuição
exige relações horizontais, então, a esse sentido poderíamos
opor (ou talvez distinguir) o reconhecimento em termos hori-
zontais e a admiração, que seria em termos verticais. Ou seja:
a estrela e seus fãs estão numa relação de admiração. A estre-
la não precisa reconhecer cada um desse grupo de fãs; ela está
numa posição de estrela e é admirada. Temos uma distinção
interessante. Uma segunda característica da forma de contribuição é
o fato de estarmos numa problemática relacionada ao normati-
vo, de uma forma compartilhada. Quando estamos nessa lógica
da doação, espera-se que todos se expressem, que todos expres-
sem seu desejo de doação e de compartilhar. Temos, então, ex-
pectativas em relação aos outros membros que apreciam este
valor social da contribuição.
Com a forma contribuição, inserimo-nos, então, num
mundo de valores compartilhados, em que há um sentimento de
pertencer a uma comunidade. Destacamos que há trabalhos, não
muitos, que mostram uma distinção entre uma lógica de rede e
uma lógica de comunidade. Uma lógica de rede é onde o usuário
se situa, “surfa”, vai ser conduzido pelos seus
clicks
, decide en-
trar em um
site
e contribuir. Continua assim e talvez nunca volte
ao mesmo
site
. Ao passo que, na lógica da comunidade, o usuário
é fiel a determinado
site
e acessa esse determinado
site
com o
qual ele se identifica, e, nesse caso, estamos numa lógica mais de
comunidade e de fidelidade.
Outra característica da forma de contribuição é o fato
de se tratar de práticas individuais modestas. Modestas no sen-
tido de que os sujeitos não se colocam à frente; eles destacam a
dimensão coletiva dos valores compartilhados.
Para concluir, em relação à forma da contribuição, di-
ríamos, de uma forma um pouco irônica, sobre a figura do
homo