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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

discursos, são apropriadas segundo lógicas distintas por dife-

rentes práticas sociais. Uma característica central da midiatiza-

ção em processo é o fato de que a organização social se estrutura

segundo lógicas e operações dos meios, engendrando novas re-

lações entre instituições e os atores sociais mediante comple-

xos

feedbacks

que ultrapassam aqueles que se caracterizam por

binaridades de envios e de reenvios, segundo intercambialida-

des mais restritas. No contexto atual da midiatização, os fenô-

menos midiáticos tratam de complexificar o funcionamento da

organização social, em termos de lógicas de mídia, algo que se

manifesta de modo complexo sobre as condições de circulação

discursiva. Se a distância entre produtores e receptores de dis-

cursos resulta de lógicas e gramáticas distintas – sobre as quais

se produzem sentidos, manifestando-se desde já no âmbito de

qualquer modalidade de comunicação humana – ela se acentua

no atual estágio da midiatização em curso, reconfigurando os

processos interacionais: “Em vez de acentuar a uniformidade

social [expectativa suscitada pela convergência], a midiatização

acelerada das sociedades industriais leva-nos, muito provavel-

mente, a funcionamentos significantes cada vezmais complexos”

(VERÓN, 2004, p. 85). Afeta a fisionomia da circulação na medi-

da em que as clássicas relações entre produtores e receptores de

mensagens passam a se estruturar em torno de novas lógicas e

operações de circuitos de diversas naturezas e que são fundadas

– insistimos neste aspecto – sobre lógicas de diferenças.

A problematização sobre o conceito de circulação re-

monta a uma longa trajetória de pesquisas, e um modo de com-

preender a circulação no contexto da midiatização é suscitado

por proposições epistemológicas da complexidade que apontam

para um giro na compreensão do modo de organização, funcio-

namento e relações entre os sistemas sociais:

Superamos as divisões artificiais entre reinos su-

postamente autônomos como o político, o eco-

nômico e o social. Agora os sistemas sociais são

trivialmente não lineares e também trivialmente

(como todo sistema vivo) longe do equilíbrio. Cada

ação leva a um

feedback

negativo ou positivo. As

condições para o aparecimento de estruturas dis-