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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

sociais. Ambos desenvolvem atividades autopoiéticas distintas

segundo suas próprias gramáticas e respectivos fundamentos.

Trata-se de uma relação que envolve dois subconjuntos – siste-

ma e ambiente – segundo uma dinâmica na qual os sistemas so-

ciais teriam como entorno os sistemas socioindividuais e estes

como entorno os sistemas sociais. Estes polos se contatariam

a partir de lógicas que os diferenciam, segundo acoplamentos

que não extinguiriam suas singularidades, mas as potencializa-

riam segundo operações de intercambialidades, nomeadas por

Luhmann como uma atividade de interpenetração.

O conceito de interpenetração não se trata de uma

relação geral entre sistema e meio. Mas sim de

uma relação entre sistemas que pertencem reci-

procamente um ao meio do outro. No campo das

relações inter-sistêmicas, o conceito de interpe-

netração aponta um nível mais estreito que deve

deslindar-se, principalmente, dos rendimentos de

input/output. Fala-se em penetração, quando um

sistema disponibiliza a sua própria complexida-

de, para que outro se construa. Assim, existe in-

terpenetração, quando essa situação é recíproca:

ou seja, quando ambos os sistemas mutuamente

permitem-se ‘proporcionar sua própria comple-

xidade pré-construída’. Em caso de penetração, o

comportamento do sistema penetrador está co-

determinado pelo sistema receptor. No caso da

interpenetração, o sistema receptor exerce tam-

bém uma influência retroativa sobre a formação

de estruturas do sistema penetrador, intervindo,

portanto, de duas formas: a partir do interior e do

exterior? (Luhmann, 2009, p. 267).

Primeiras aproximações com esta formulação são ape-

nas de caráter seminal, mas a problemática das articulações en-

tre os dois âmbitos, situando-os em torno de dinâmicas, já pre-

nunciaria a natureza da circulação como fonte de complexidade.

Tais aproximações destacam pistas sobre os efeitos da conver-

gência, apontando desajustes e assimetrias resultantes da dinâ-

mica entre oferta e apropriação. Indicam que a ‘arquitetura’ da

convergência e suas manifestações comunicacionais emergen-