

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
comunicação seja assimétrico e irreversível” (VERÓN, 2001, p.
130). Isso significa que a produção discursiva se encontra sub-
metida à lógica deste “desajuste”: os sentidos se produzem em
torno de “feixes de relações” reunindo mais divergências do que
convergências. “É nesta escalada de observação que uma pro-
priedade fundamental da circulação do sentido se torna visível:
esta última é marcada por indeterminação” (VERÓN, 2004, p.
82).
A concepção atribuída à defasagem, aqui exposta, lem-
bra a noção de diferença conforme foi acima formulada por
Bateson. Mas também entendida como espaço de potencialida-
de, pois sua “evanescência” dá ao modelo a sua dinâmica: de-
signa o modo como o trabalho do investimento do sentido nas
matérias significantes se transforma no tempo (VERÓN, 2004, p.
53). A defasagem entre produção e reconhecimento faz com que
todo o processo da comunicação seja, por natureza, assimétri-
co e irreversível. Suas manifestações podem ser observadas em
macro e micro processos; aqueles relativos ao funcionamento
da internet promovem “mutação nas condições de acesso dos
atores individuais à discursividade midiática, produzindo trans-
formações inéditas nas condições de circulação” (VERÓN, 2013,
p. 281). Reunidos em torno de novas fronteiras organizadas pela
“arquitetura” da circulação, produtores e receptores enunciam
discursos que trazem marcas desta inevitável assimetria.
4 A interpenetração
Os processos e operações de midiatização operam se-
gundo complexa atividade circulatória que se materializa nas in-
terações entre produção e recepção através de lógicas que lhes
são distintas, mas, ao mesmo tempo, interpenetrantes. Teorias
sobre sistemas complexos convergem com algumas preocu-
pações veiculadas em ‘semiótica aberta’ (VERÓN; BOUTAUD,
2007). Ali se propõe que, antes de entrar em interações, cada
um daqueles polos desenvolve suas próprias atividades de
auto-
poiesis
, enquanto sistemas específicos. De um lado, os nichos ins-
titucionais (produção), enquanto sistemas sociais e, de outro, os
nichos dos atores sociais (receptores) que abrigariam os atores