Table of Contents Table of Contents
Previous Page  74 / 346 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 74 / 346 Next Page
Page Background

Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

e de acessos, mas envolvida em uma nova dinâmica de heteroge-

neidades resultantes de algo muito mais complexo do que inter-

câmbios tentativamente ajustáveis. O que representa a atividade

da interpenetração? Dinâmicas dos campos, para além de fron-

teiras próprias, operando via circuitos – que levam a produção

de sentido adiante, para o “território” das bifurcações e dos seus

efeitos – modificam a cena da comunicação fundada na noção de

equilíbrio. A complexidade da produção de sentidos se superpõe

a lógica do acesso como dimensão explicativa sobre a perfor-

mance comunicacional. Surge a interpenetração como uma nova

interface de complexidade entre as estratégias de produção dos

sistemas sociais e aquelas dos sistemas socioindividuais. Mais do

que geradora de defasagens entre eles, a interpenetração é uma

espécie de matriz dinamizadora de assimetrias que se manifes-

tam no contato entre estes dois sistemas. O trabalho enunciativo

de cada um deles – sistema social de produtor de mensagem em

produção e sistema produtor de mensagem em recepção – se as-

senta sobre suas próprias

autopoiesis

, as respectivas condições

de produção, de gramáticas e de lógicas que lhes são especificas.

Quando acopladas, as marcas destes dois sistemas produtivos

se interpenetram reciprocamente, permeando-se segundo ope-

rações que são fontes de desordens, uma vez que não reside na

atividade interpenetrante em si nenhuma possibilidade de con-

trole sobre as disposições, enunciações, efeitos de sentidos, etc.

Esta cena se complexifica mais ainda na medida em que outros

elementos remissivamente mobilizados, em termos conscientes

ou não, (pertencentes a outras ‘cenas primárias’), não estando

num plano visível, tornam difícil a apreensibilidade de suas ca-

racterizações. Por outras palavras: marcas outras estariam fora

dos horizontes dos trabalhos, das condições e dos universos dis-

cursivos destes dois sistemas. Porém, mais do que marcas apon-

tando suas singularidades, lógicas também sinalizam a consti-

tuição básica que qualifica suas diferenças em termos do traba-

lho de produção de sentidos. Longe de uma atividade unificante

e produtora do equilíbrio, a interpenetração possibilita a relação

entre os sistemas, algo que é motivado pela dinâmica dos fluxos/

acesso dos processos e da midiatização em curso. Mas também

ela é causadora do aprofundamento da complexidade na medida

em que suas dinâmicas incidem sobre a atividade enunciativa