Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
e de acessos, mas envolvida em uma nova dinâmica de heteroge-
neidades resultantes de algo muito mais complexo do que inter-
câmbios tentativamente ajustáveis. O que representa a atividade
da interpenetração? Dinâmicas dos campos, para além de fron-
teiras próprias, operando via circuitos – que levam a produção
de sentido adiante, para o “território” das bifurcações e dos seus
efeitos – modificam a cena da comunicação fundada na noção de
equilíbrio. A complexidade da produção de sentidos se superpõe
a lógica do acesso como dimensão explicativa sobre a perfor-
mance comunicacional. Surge a interpenetração como uma nova
interface de complexidade entre as estratégias de produção dos
sistemas sociais e aquelas dos sistemas socioindividuais. Mais do
que geradora de defasagens entre eles, a interpenetração é uma
espécie de matriz dinamizadora de assimetrias que se manifes-
tam no contato entre estes dois sistemas. O trabalho enunciativo
de cada um deles – sistema social de produtor de mensagem em
produção e sistema produtor de mensagem em recepção – se as-
senta sobre suas próprias
autopoiesis
, as respectivas condições
de produção, de gramáticas e de lógicas que lhes são especificas.
Quando acopladas, as marcas destes dois sistemas produtivos
se interpenetram reciprocamente, permeando-se segundo ope-
rações que são fontes de desordens, uma vez que não reside na
atividade interpenetrante em si nenhuma possibilidade de con-
trole sobre as disposições, enunciações, efeitos de sentidos, etc.
Esta cena se complexifica mais ainda na medida em que outros
elementos remissivamente mobilizados, em termos conscientes
ou não, (pertencentes a outras ‘cenas primárias’), não estando
num plano visível, tornam difícil a apreensibilidade de suas ca-
racterizações. Por outras palavras: marcas outras estariam fora
dos horizontes dos trabalhos, das condições e dos universos dis-
cursivos destes dois sistemas. Porém, mais do que marcas apon-
tando suas singularidades, lógicas também sinalizam a consti-
tuição básica que qualifica suas diferenças em termos do traba-
lho de produção de sentidos. Longe de uma atividade unificante
e produtora do equilíbrio, a interpenetração possibilita a relação
entre os sistemas, algo que é motivado pela dinâmica dos fluxos/
acesso dos processos e da midiatização em curso. Mas também
ela é causadora do aprofundamento da complexidade na medida
em que suas dinâmicas incidem sobre a atividade enunciativa