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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

tes tendem a acentuar assimetrias, apontando a relação entre

sistemas midiáticos/recepção como uma atividade geradora de

intercâmbios complexos, fundados na ideia de indeterminação

de sentidos (VERÓN, 2001). Poder-se-ia dizer que estes intentos

investigativos se encontravam a meio caminho para se buscar a

compreensão do conceito de indeterminação, ao estudar as lógi-

cas dos receptores, enquanto processos semioticamente indivi-

dualizados, mas no contexto de uma complexa articulação entre

produção e recepção de discursos. A própria formulação sobre o

cenário da convergência, no exame empírico das relações entre

núcleos da produção e da recepção, apontaria uma tensão cha-

mando atenção para as descontinuidades entre estes dois polos.

Apontavam-se como lógicas em produção se ma-

terializavam em recepção segundo outros postu-

lados e estratégias de uso: a pequena tela televi-

siva não é somente cada vez maior, como deixa de

ser um espaço faneroscópico, como diria Peirce,

para transformar-se em uma superfície operatória

multi-mediática controlada pelo receptor. [...] Essa

superfície operatória abarcará tudo: informação,

entretenimento, computação telefônica, comuni-

cação interpessoal. Conheceremos, pois, a ‘con-

vergência’ tecnológica que a IP torna possível e

que coincide, paradoxalmente, com a ‘P divergên-

cia’ entre oferta e demanda na história dos meios

(VERÓN, 2007, p. 12).

Também neste cenário, apenas indicativo sobre a ma-

nifestação dos processos interpenetrativos, é lembrado que um

dos efeitos da “revolução do acesso” é o fato do universo da re-

cepção controlar parcialmente a dinâmica da atividade circula-

tória, ao operar sobre os fluxos de contatos entre as dimensões

do público e do privado. Ou seja, há uma mudança no paradig-

ma comunicacional que é afetado pela ‘revolução do acesso’: o

usuário pode produzir conteúdos e, além disso, o usuário tem o

controle do

switch

entre público e privado.

Complexifica-se, então, a noção de defasagem entre os

dois sistemas – produção e recepção – na medida em que a dis-

tância entre osmesmos se reduz, por conta da dinâmica de fluxos