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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

pode reencontrá-lo três dias depois, mesmo que esse artigo seja

um artigo cotidiano de um jornal cotidiano. O consumidor im-

põe lógicas, se move, define o ritmo das práticas. Alguma coisa

está acontecendo, alguma coisa muito profunda , para a maior

parte dos usuários e consumidores. Antes, quando você perdia

um programa ou se esquecia de comprar um jornal, que não

havia mais, você não tinha a possibilidade de ter o conteúdo à

disposição. Agora, esse não é mais o caso porque cada um tem

a oportunidade de encontrar esses conteúdos disponíveis nos

sites.

Como ocorre o acesso atualmente? Cada um pode ouvir

canais de rádio favoritos. É mais difícil com a televisão, claro: a

web TV não é tão desenvolvida. Atrás desse ponto, há uma prá-

tica das mídias instaladas e uma das novas mídias que estão em

mutação profunda. A economia de funcionamento da qual acabo

de falar é específica a cada mídia. Essa economia de funciona-

mento está hoje na origem de uma transformação complexa, se-

gundo os modelos socioeconômicos próprios a cada mídia.

Esse é o tema de minha pesquisa, um campo de traba-

lho, de pesquisa muito complicado porque evidentemente nós

somos pesquisadores. O que nos interessa não são os modelos

de negócios; são modelos de gerenciamento a curto prazo. O que

nos interessa é saber como as mídias instaladas e as eventuais,

bem como as novas mídias vão encontrar uma economia de fun-

cionamento duradoura. Então, porque essas mídias tinham uma

economia de funcionamento estável, que lhes assegurava uma

rentabilidade. Agora, com as perdas nas vendas e orçamentos

publicitários, é impossível ter uma estratégia de desenvolvimen-

to para a imprensa cotidiana, para os canais de rádio e televisão,

se não podemos contar com os recursos mais ou menos estáveis,

isto é, economias de funcionamento que se organizem.

Há práticas que se fossilizaram. A imprensa cotidiana

começou realmente a partir de 1930, justamente a partir des-

se momento em que diretores de jornais começaram a vender

espaços publicitários. Eles tiveram essa ideia não somente para

anúncios legais ou comerciais. A economia de funcionamento

própria de cada mídia é atualmente sujeita a leis, simplesmente

porque há negociações no dia a dia. Agora, eles organizam su-

plementos digitais. Precisam ter recursos para fazê-lo. As mídias