Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
agora, é algo relativamente preciso, fixado. Por exemplo, a im-
prensa de fato consiste em um duplo mercado. Qual é esse duplo
mercado? O primeiro mercado, evidentemente, é o mercado dos
leitores, dos diretores de jornais e, finalmente, tem como objeti-
vo fixar os leitores, um nível de leitores mais ou menos regular
que não varie muito, e que esses leitores comprem um número a
cada dia, um exemplar a cada dia, de preferência que eles sejam
assinantes. No segundo mercado, os editores de jornais vendem
aos anunciantes de publicidade. Esse duplo mercado, aquele dos
leitores e dos anúncios publicitários se reencontram em todas as
mídias até agora. Em todas as mídias instaladas com modalida-
des diferentes, existem conteúdos que têm cada vez mais receita
publicitária, incluindo os recursos públicos.
Fala-se pouco sobre isso: a influência da publicidade
sobre a escrita, sobre o conteúdo. Isso é marcante, até hoje, nas
mídias, que têm uma economia de funcionamento que é própria
delas. Na economia das indústrias culturais, há um espectro que
vai do pagamento do consumidor até o pagamento pela publi-
cidade. Parte dos custos são inteiramente pagos pelo consumi-
dor e outros inteiramente pagos pelo publicitário. As mídias
são isso. De fato, uma empresa de mídia impressa, uma rede de
rádio, uma rede de televisão, etc. são empresas específicas, que
não podem ser confundidas com outro tipo de empresa; não se
pode confundir uma rede de televisão com uma gravadora de
discos, e tampouco com uma editora de livros.
Podemos, no quadro de critérios, explicar condições, as
proporções, as relações entre os produtores técnicos e os pro-
dutores de profissão cultural de todas as empresas de mídias
das quais falamos. As empresas de mídia têm, no mundo inteiro,
televisão, rádio, imprensa, as quais têm características técnicas.
Mas em todas elas, têm consequências muito importantes as re-
ceitas publicitárias. Por isso, é cada vez mais importante a varia-
ção da audiência. O interesse pela audiência, pela estabilização
da audiência é uma coisa que faz parte da história das mídias.
Claramente, inscreve-se na história das mídias.
Então, para saber se nós temos novas mídias ou se não
temos novas mídias, ou simplesmente técnicas da informação e
da comunicação, temos que voltar a essa definição. A definição
a ser forjada deveria falar desde mais deste século e meio de