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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

Em suas postagens sobre o catolicismo e no diálogo

público que se estabelece entre os leitores e a página, ou entre

os próprios leitores nos campos de comentários em tais plata-

formas, percebe-se um certo apagamento das fronteiras entre

especialistas religiosos e fiéis, mediante práticas conectadas e

cooperativas na internet, isto é, formas de participação e de

cooperação dos usuários em rede. Há também um contexto

de reinvenção dos modelos de inovação sociotécnica median-

te “práticas bricoladoras”: bricolagem esta que se faz sobre o

social (no caso, a religião) e também sobre a própria tecnolo-

gia, a partir dos usos religiosos do Facebook, do Twitter ou do

Instagram. Assim, os usuários agora também podem (e são con-

vocados a) criar, remixar e compartilhar conteúdos e práticas

religiosos em ambientes sociotécnicos e sociossimbólicos de fá-

cil utilização, como tais plataformas. Em nível social, técnico ou

simbólico, portanto, os agentes podem intervir nas plataformas

mediante diversas ações:

deslocando

ou

desviando

o espectro

dos usos previstos (por exemplo, construindo ambientes de ex-

periência e prática religiosa); e

adaptando

ou

estendendo

as fun-

ções técnicas ou elementos sociossimbólicos (como postagens,

comentários, “curtidas”, etc.) para responderem a necessidades

e desejos em vista dos objetivos específicos de tais grupos.

Nessa articulação complexa entre socialização em rede,

tecnicização digital e simbolização religiosa, surge um contexto

de reinvenção das práticas religiosas. A experiência religiosa é

transformada pela interação em rede entre os usuários, expli-

citando não apenas uma pluralidade de sentidos religiosos em

torno do catolicismo, mas também a possibilidade de sua re-

construção pública, em uma ruptura de escala, de alcance e de

velocidade em relação aos processos sócio-históricos de consti-

tuição do catolicismo. Em um ambiente de crescente pluralismo

e reflexividade, crenças e práticas tradicionais ou convencionais

vão sendo confrontadas com soluções alternativas e criativas,

que se interconectam em rede.

Tais estratégias, técnicas e ações comunicacionais apon-

tam para uma tríplice rede em jogo: uma rede (internet) de re-

des (dispositivos como o Facebook) em que circula uma rede de

construtos sobre o “católico”. Essas relações se dão mediante um