Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
truturados a partir da “racionalidade da técnica” (JOUËT apud
MIÈGE, 2009, p. 47).
Essa racionalidade, hoje, baseia-se no fenômeno da
informacionalização digital, por exemplo, em plataformas so-
ciodigitais como Facebook, Twitter, Instagram, etc. Segundo
Miège (2009, p. 32), a inovação sociotécnica atual está centra-
da no
digital
(digitalização, compressão dos dados) e na
inter-
net
(rede física integrada). Aí se manifestam, segundo o autor,
novas modalidades midiáticas como a
self-media
, a
automedia
ou ainda a
plurimedia
. A digitalização, portanto, manifesta-se
como uma “construção social, cujos contornos resultam ao
mesmo tempo das limitações ligadas às lógicas socioeconômi-
cas dominantes e da ação mais ou menos eficiente de diversos
grupos sociais” (TREMBLAY; LACROIX apud MIÈGE, 2009, p.
37). Assim, também no digital manifestam-se
determinações
técnicas
que se articulam e se complexificam a partir de uma
construção social
.
Para Miège (2009, p. 68) é importante perceber como a
informacionalização é “um processo ou [...] uma lógica social da
comunicação que se caracteriza pela circulação crescente e ace-
lerada dos fluxos de informação, tratada ou não, tanto na esfera
privada como [...] no espaço público”. Aqui, portanto, manifesta-
-se um “fenômeno de ruptura” e uma “nova revolução das tec-
nologias da informação”, pois agora “o internauta está na fonte
do sistema. Ele o alimenta, o modifica sem parar. Graças à tec-
nologia da
web
participativa, a inovação vem da parte inferior
da pirâmide, ou seja, das pessoas simples” (BURGELMAN apud
MIÈGE, 2009, p. 84). Em termos religiosos, essa ruptura é muito
mais significativa, pois pressupõe um domínio dogmático e hie-
rárquico do discurso e da prática religiosos, que se vê abalado
por essa “nova revolução”, manifestada nas redes comunicacio-
nais online. Manifesta-se assim uma “comunicação de massa indi-
vidual” (CASTELLS apud MIÈGE, 2009, p. 88) ou um “indivi-
dualismo conectado”, já que as tecnologias da informação e da
comunicação “colocam fim nas separações observadas entre es-
paço profissional, espaço privado e vida pública” (FLICHY apud
MIÈGE, 2009, p. 88), oferecendo novos meios para reforçar a
aut nomia individual
e os
contatos sociais
. A individualização