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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

e o especialista, e é por isso que ele está no coração dessa de-

mocratização das competências” (FLICHY, 2010, p. 17, tradução

nossa), inclusive religiosas.

Contudo, as interações sociais possibilitadas pelas redes

comunicacionais que se instauram em plataformas sociodigitais

vão além dos laços sociais tradicionais (em termos de autori-

dade e de identidade eclesiais, por exemplo): essas interações

operam também e principalmente por

reconexões

sócio-técnico-

-simbólicas. Ou seja, conexões “novas”, “ultraconexões” que vão

além do já dado em termos

sociais, técnicos e simb lic s sobre o

“religioso”

, e nas quais se manifesta a

invenção social

sobre o “ca-

tólico”, neste caso, nos processos de circulação comunicacional.

É na reconexão que os internautas constroem a partir do que já

existe social, técnica ou simbolicamente, ou ainda descobrem o

que já existe e que podia estar oculto. Portanto, as reconexões

permitem partir de algo já dado e chegar a algo novo (invenção,

in + venire

) por meio de “práticas conectadas” (MIÈGE, 2009,

p. 185), que se somam às práticas anteriores de construção do

“católico”. Perceber a emergência de tais reconexões favorece en-

tender que, em sua forma mais simples, uma rede é mais do

que um mero “conjunto de nós interconectados”. Na internet,

tecnologia transformada em “meio de comunicação, de intera-

ção e de organização social” (CASTELLS, 2005, p. 257), manifes-

tam-se “determinadas matrizes interacionais e modos práticos

compartilhados para fazer avançar a interação” comunicacional

(BRAGA, 2011, p. 5) entre a sociedade. Tais “sistemas de rela-

ções” são denominados pelo autor de “dispositivos interacio-

nais”, que se organizam “social e praticamente como base para

comunicação entre participantes” (BRAGA, 2011, p. 11).

Aqui partimos do conceito de dispositivo de Foucault,

que o define como “um conjunto decididamente heterogêneo

que engloba discurso, instituições, organizações arquitetônicas,

decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enun-

ciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas.

Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo”

(FOUCAULT, 1982, p. 244). Portanto, entendemos um disposi-

tivo comunicacional como um sistema sócio-tecno-simbólico

heterogêneo que não só possibilita a comunicação social, mas