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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

p. 3, grifo nosso) entre os processos midiáticos, e entre estes e a

sociedade. Dessa forma, indo além de uma análise meramente tec-

nológica ou computacional das chamadas “redes sociais”, reco-

nhecemos que a

essência das redes não está apenas na rede

, mas

também em suas reconexões e em seus complexos modos de

apropriação pela sociedade.

5 Conclusões

Nas plataformas sociodigitais, o “católico” circula e é re-

construído em fluxos constantes. Isso se soma às transformações

da sociedade contemporânea, marcada por um pluralismo de con-

cepções de mundo e a publicização do fenômeno religioso. Esse

processo se complexifica na internet, emque se vê uma

religiosida-

de em experimentação

, marcada pela pouca fidelidade institucional

e doutrinal, pela fluidez dos símbolos em trânsito religioso e pela

subjetivação das crenças.

O fiel, portanto, não é apenas coconstrutor de sua fé, mas

também realiza um “trabalho criativo”

sobre a própria religião

, ten-

sionando a “interface eclesial”. Esse “

sensus (in)fidelium

” manifes-

tado na internet também possibilita a percepção do desequilíbrio

entre como o microssistema religioso (em termos de instituição-I-

greja) é

pensado

e como ele é

praticado

pela sociedade. A turbulên-

cia, a instabilidade, o desvio provocados pelos internautas fomen-

tam também a evolução da identidade, do imaginário e da prática

religiosas – nesse caso, rumo a uma abertura sistêmica da Igreja ao

pluralismo religioso e cultural do macrossistema social. Assim, os

processos produtivos da religião passam a não ser mais controla-

dos pela instituição eclesial.

Esse também seria um “sinal dos tempos” da contempora-

neidade, em que assistimos “a uma perda de influência e de poder

da instituição religiosa sobre os comportamentos religiosos comu-

nitários e individuais. Isso não significa absolutamente o desapa-

recimento da fé, mas a

individualização dos comportamentos

”, em

que, “cada vez mais, as pessoas compõem

elas mesmas

sua própria

religião” (LIPOVETSKY, 2009, p. 61, grifos nossos). Como indica

Lenoir (2012, s/p, tradução nossa), “hoje, os indivíduos têm uma