Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
tivos que administram o audiovisual como fariam com qualquer
outro tipo de informação. A imagem emmovimento torna-se um
recurso navegável, que se manipula exclusivamente por esta téc-
nica. Entre 2015 e 2016, radicaliza-se o processo, abandonando
as assinaturas, organizando formatos ainda inexplorados para a
reagregação de conteúdo em padrões que se dissociam do mul-
ticanal, conforme se aproximam de estruturas de difusão digital
proporcionadas exatamente por estes mesmos aplicativos.
A transição do audiovisual para a internet envolve a re-
visão do modelo multicanal, estes operadores segmentados sur-
gidos a partir de um relacionamento prévio, tenso, com as redes
de
broadcast
(CURTIN; SHATTUC, 2009; HOLT, 2011; PARSONS,
2008). Acossado após a constituição deste segundo formato, o
broadcast
convencional passaria a negociar espaço com este
segundo padrão – que começa, pelo
streaming
, a presenciar a
sua própria revisão. A partir da década de 70, contrapunha-se
à televisão convencional um modelo que revia a lógica pautada
pela massificação, pela homogeneidade, pela disciplina. A par-
tir da década de 2000, definir um formato para o audiovisual
pautado por
software
e distribuído pela internet implica rever o
revisto. Agora, adensa-se a possibilidade de ultrapassar o multi-
canal, este que então se revela tão somente como um momento
intermediário entre o
broadcast
e o audiovisual via internet, que
segue em direção localizada alhures. Abandonar a televisão seg-
mentada implica se separar de algo consolidado em direção a
apostas com diversas incertezas.
A despeito de se revelar como o instante anterior para
a organização do
streaming
, o multicanal, durante a segunda
metade da década de 2000, parecia ter alcançado uma relativa
estabilidade. No centro, havia se instituído a partir de grandes
operadores de infraestrutura física para televisão a cabo e por
empreendimentos de telecomunicações. Mais importante, es-
tas atividades haviam investido em internet banda larga e em
infraestrutura de dados, tornando-se os proprietários também
destes recursos. Como consequência de aquisições diversas, as
infraestruturas responsáveis por prover internet banda larga se
tornavam parte das atividades coordenadas por estas operações
de cabo. No instante de sua concentração, a associação entre
ambas se mostra como parte de uma tentativa trivial para ob-