Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
O audiovisual define seus traços fundamentais já a par-
tir do
broadcast
, cujas marcas se retomam em tantas outras oca-
siões. Já na organização de redes como CBS, NBC, ABC, a impor-
tância da capacidade de dispor de conteúdo como um recurso
se forma a partir da construção dos catálogos disponíveis para
reaproveitamento. Necessário se torna administrar o excesso, e
não dispersá-lo a partir de alguma lógica irracional. Esta aten-
ção à oportunidade de dispor de material se retoma em todas as
ocasiões, seja para o
broadcast
, seja para o multicanal, seja para
o
streaming
. Negociar conteúdo em muitas circunstâncias, con-
sequência da chance contida na reprodução técnica, surge como
questão legada ao futuro já no momento em que se constituem
as redes. Contudo, as redes de
broadcast
então emoperação lida-
vam com oportunidades limitadas em termos de renegociação.
Para o multicanal, este material dizia respeito a criações disper-
sas por estruturas das mais diversas. Não se trata mais somente
de produtoras negociando com grandes redes, mas de criadores
buscando acordos com personagens dos mais diversos, canais
grandes e pequenos. Se o
broadcast
se constituiu a partir da es-
cassez de oportunidades para apropriação de audiovisual e de
constituição de outros serviços para a sua distribuição, o mul-
ticanal se consolida a partir de seu excesso, multiplicado pelo
streaming
. A partir destes traços caros já no instante do multi-
canal, o formato de
streaming
se guia por multiplicar serviços a
partir da negociação de conteúdo já com importância prévia. O
conteúdo se torna não apenas o recurso que alimenta serviços
de difusão: mostra-se como o principal recurso a permitir a sua
multiplicação. Justifica-se cada novo serviço a partir da quanti-
dade de audiovisual a ele específico. São circunstâncias que se
tornam um legado importante para a constituição da imagem
em movimento associada ao digital, momento de excesso por
excelência. A institucionalização do
streaming
implica lidar com
as possibilidades de negociação de conteúdo e de circulação da
cultura de modo mais intenso. A constituição de formas variadas
para a negociação entre os múltiplos envolvidos implica maior
diversidade de associações, por um lado; por outro, refere-se
também à obrigação de limites mais intensos em relação à ex-