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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

de, sua abordagem busca exatamente se distanciar da interven-

ção do homem.

Libertar-se do peso contido na imagem do sujeito au-

tônomo não representa tarefa das mais fáceis. Demanda cons-

truir uma abordagem em que seja possível reconfigurar esta

sua suposta especificidade em outros termos. Aqui, entende-

-se a história como organizada por um conjunto de regras de

formação. Definir a operação destas regras implica perceber

uma movimentação no interior de uma dimensão específica:

um espaço lógico no qual operam dimensões localizadas para

além de indivíduos, instituições ou organizações. Estas regras

permitirão a emergência de determinados objetos – entre

eles, as mídias – cuja organização ocorre através de relações

constituídas pelo discurso. Compreende-se a intervenção do

discurso como uma prática, ordenando objetos previamente

inexistentes. Vê-se a dimensão de um primeiro conjunto de ques-

tões. A constituição de um objeto decorre não de sua descober-

ta por algum sujeito; da observação capaz de revelar um dado

preexistente; do entendimento mais preciso sobre um problema

até então não claramente percebido; da ação de inventores ou

descobridores. Um objeto se organiza a partir de sua diferencia-

ção, em um processo de estruturação que depende de movimen-

tos de emergência-delimitação-especificação. Nesta instância de

delimitação, os objetos ocupam lugar uns em relação aos outros,

adotando sua especificidade, neste processo. Em sua constitui-

ção, um objeto se separa dos demais, delimitando-se no interior

de si mesmo, posteriormente.

Uma vez que a organização de um objeto se obtém não

pela psicologia exercida por uma subjetividade ou pela dimen-

são transcendental de algum sujeito, o resultado, embora opere

como uma totalidade, institui-se a partir da associação de dife-

renças em um campo estável. Entende-se um objeto não como o

resultado de uma unidade de suas várias frações constitutivas,

mas em termos das dissociações que possam formá-lo. A orga-

nização de um objeto se mantém indiferente diante da possibi-

lidade de deparar-se ou não com contradições entre os elemen-

tos que o constituem. De fato, eles garantem sua estabilidade a

partir exatamente da diversidade dos elementos em associação.