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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

mitir a organização desta realidade. Logo, os meios, de instância

influente em termos das consequências possíveis de gerar, tor-

nam-se eles próprios objetos. Sua constituição se mostra impor-

tante de perceber: contudo, esta ordenação se torna possível de

se apreender não no nível concreto, mas alhures.

O ensaio que se segue busca discutir problemas teóri-

cos, na expectativa de delimitar uma interpretação sobre a cons-

tituição de uma mídia específica: o audiovisual – em específico,

a televisão – com atenção à sua constituição contemporânea na

forma do

streaming

. Busca-se apreender o diagrama a partir do

qual esta mídia se organiza, com interesse em sua dimensão de

mudança. Atenta-se à atuação deste diagrama em contraposição

a outras duas formas para o audiovisual: o

broadcast

(formato

de redes nacionais de conteúdo massivo) e o multicanal (a te-

levisão a cabo e satélite e suas experiências de segmentação).

Discute-se a composição deste diagrama a partir de três forma-

tos: conteúdo (inédito-previamente conhecido); exposição (flu-

xo de conteúdo-acervos abertos à consulta); agregação (associa-

ção de canais-dispersão em serviços de criadores específicos).

Uma dimensão ternária, de normas, técnicas e trocas, surge defi-

nindo dimensões não determinantes de um espaço no qual estas

outras dimensões atuam.

2 Arqueologia da mídia

A constituição de certa dimensão da realidade será

compreendida a partir de uma discussão sobre os elementos

a partir dos quais a realidade surge. Os conceitos de Foucault

(DELEUZE, 1986; DREYFUS; RABINOW, 1983; FOUCAULT, 1969;

GUTTING, 1989; HOLLAND, 2002, 2013; SHERIDAN, 1980;

SMART, 1985) sobre enunciado, regras e discurso redimensio-

nam o tema. Na operacionalização destas ideias, a arqueologia

opera no plano da história, tornando necessário compreender

sua apropriação desta segunda questão, como forma de apreen-

der aquelas primeiras ideias. Decerto, sua relação com a história

se mede em termos particulares. Parte de um esforço mais am-

plo em se contrapor ao humanismo, a arqueologia compreende

a história como consequência não da ação do sujeito. Na verda-