Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
consequência do desenvolvimento inexorável das forças produ-
tivas, encarnadas em capitalistas específicos. A despeito de sua
defesa da necessidade de compreender as relações de poder
como constituídas por processos de estruturação, espacializa-
ção e comodificação, o peso do terceiro termo, a determinação
da lógica do capital, sobre a constituição da realidade termina se
tornando o fator decisivo em suas análises. Esta interpretação
identifica as relações produtivas como elemento determinante:
na verdade, como a única dimensão para a organização das mí-
dias. Eminentemente economicista, enxerga os meios como uma
derivação de temas como classe e acumulação.
Como resultado, a televisão, parte essencial da estru-
tura responsável por organizar os sistemas de comunicação
estruturados durante o séc. XX, surgiria como tema possível de
compreender apenas quando subordinada a forças estruturais
caras às sociedades modernas. Desta perspectiva, sua organiza-
ção se transformaria em mero epifenômeno do desdobramen-
to destas forças econômicas ou políticas, tornando-se parte de
uma dimensão que a subjuga, mostrando-se carente de qual-
quer ingerência específica, meramente obediente a desígnios a
ela externos. A proposta arqueológica se distingue por atentar à
dimensão subterrânea da organização da realidade, sem se ater
a uma única chave explicativa, contudo. Esta perspectiva reside
em compreender os meios distantes de qualquer subordinação,
agindo não como parte de um formato piramidal a partir da qual
se irradiaria a sua forma. Ao contrário, as mídias operam em
relação a forças que se definem não a partir da transcendência
possível de se atribuir a alguma hierarquia. De fato, a proposta
arqueológica refere-se à imanência, inscrita em sua capacidade
de tomar parte em estratégias pontuais para a configuração da
realidade. A partir da diferenciação em relação a abordagens cen-
tradas na descrição analítica da operação dos sistemas sociais,
por um lado, e na determinação estrutural, por outro, a arqueo-
logia busca definir uma abordagem particular sobre os meios.
Usualmente, apresenta-se esta arqueologia da mídia como uma
novidade frente a abordagens usuais. Porém, arvorar inovações
não define uma visada teórica. De fato, representa um exemplo
do fascínio com a ideia de ruptura, postura esta incompatível