Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
com as expectativas da própria arqueologia. Relevante se torna
atentar mais à especificidade da abordagem que a qualquer pos-
sível novidade. Aqui, concentra-se atenção sobre o ambiente em
que as tecnologias se constituem. Sobre este assunto, discussão
de interesse foi a obra de McLuhan (1977). Em certos momentos,
alguns autores chegam a identificar afinidades entre a arqueo-
logia e as ideias deste autor (PARIKKA, 2012). De outro ponto
de vista (KITTLER, 1999), trata-se de postura difícil de manter.
O trabalho de McLuhan se define por tematizar a capa-
cidade das mídias em produzir efeitos sobre os indivíduos. De
especial importância se mostra a transição da cultura oral para
a escrita, em que a primeira está centrada na audição, ordena-
da segundo a expressividade contida na palavra e em suas múl-
tiplas possibilidades de interpretações. Baseado no olhar, este
outro instante decorre da instituição do alfabeto fonético, com-
posto por abstrações sem ligação com a experiência designada.
De caráter linear, esta cultura escrita desagregaria a experiência
multidirecional criada pelo ouvido. Outra forma de organização
social decorre da transformação na técnica de expressão respon-
sável por constituir a própria modernidade. Assim, linearidade,
racionalidade e escrita se associariam na constituição do mundo
moderno. Porém, esta galáxia de Gutenberg se esgotaria segun-
do a mesma lógica que permitiu seu surgimento: devido a uma
transformação técnica. Ameaçada pela constelação de Marconi,
cede espaço à retribalização da sociedade, instituída pelo telé-
grafo, o rádio, o telefone, a televisão e, posteriormente, o com-
putador. Estes meios criam um vínculo que se concentraria não
mais na visão, eliminando o caráter individual e autocentrado
típico da modernidade.
Este conjunto de conceitos se assenta sobre uma cer-
teza: o pressuposto sobre a possibilidade de tratar os meios
como objetos constituídos, capazes de produzir influência em
relação a outros objetos. Dotar os meios de uma dimensão con-
creta, possível de se medir a partir de seus efeitos – decisivos,
aptos a reconfigurar toda uma cultura: esta se torna a principal
limitação desta visada. Uma perspectiva arqueológica se atém
não a esta dimensão concreta, supostamente objetiva, mas se
pergunta exatamente sobre as suas condições de possibilidade.
Aqui, importa a natureza dos elementos responsáveis por per-