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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

configurava como uma zona entre o fluxo de produção e recep-

ção, sendo entendida apenas como uma “passagem automática”,

em relação à qual se desconhecia a amplitude de sua proble-

mática. A partir da emergência das tecnologias e sua conversão

em meios de comunicação, ele destaca a repercussão de tal fato

sobre a organização social e seus processos de interação, enten-

dendo que a recepção “existe e age”, diante de matrizes analíti-

cas que, na tentativa de superar disposições funcionalistas, reco-

nhecem o papel do receptor nos processos midiáticos.

Na “sociedade dos meios” os estudos sobre a re-

cepção mostram que o receptor faz tantas coisas

outras, distintas daquelas que são estimadas pelos

produtores. Na “sociedade em vias de midiatiza-

ção” o receptor é re-situado em outros papéis na

própria arquitetura comunicacional emergente

(FAUSTO NETO, 2010, p. 6).

Na internet, a esfera da recepção tem seu espectro de

atuação ampliado. A circulação dos conteúdos pelas redes digi-

tais não depende somente dos esforços da esfera da produção.

A figura do receptor se torna elemento-chave dentro de um

modelo comunicacional que se configura através de práticas

fundamentadas na interatividade e na participação, que poten-

cializam o que Jenkins, Ford e Green (2013) chamam de mídia

de espalhamento. A argumentação sobre a na transição de um

modelo focado na distribuição para um outro voltado para a cir-

culação e na participação através de processos de criação, com-

partilhamento e remix de conteúdos se baseia na premissa de

que o que não se espalha está morto. Este modelo de circulação

indicado pelos autores é híbrido, misturando forças de cima e de

baixo, que determinam como as mensagens podem ser compar-

tilhadas. Os autores mencionam técnicas como o boca a boca e

o compartilhamento como condutoras das maneiras pelas quais

as pessoas interagem entre si através das redes.

No Facebook, no entanto, algumas particularidades do

site impedem a constituição desse modelo e de processos de

convergência. Entendendo a ideia de apropriação como o elo de

ligação entre a convergência e a circulação, é preciso pensar não