Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
dade inicial, parte-se para as interações com o conteúdo e com
outros produtores e consumidores dos conteúdos midiáticos.
A materialidade dos meios não pode ser desconside-
rada quando se aborda o tema da convergência, na medida em
que compõe o nível técnico do mesmo. Jensen (2010) entende a
teoria dos meios como a tradição de pesquisa que confere maior
sustentação às condições materiais da comunicação humana.
A partir dela, ele propõe uma classificação dos meios em três
graus de materialização. Na perspectiva da história e da teoria
da comunicação, os seres humanos podem ser compreendidos
como mídia, e, assim, os meios de primeiro grau seriam capa-
zes de externalizar mundos atuais e possíveis, já que as pessoas
se comunicam umas com as outras sobre esses mundos para
propósitos reflexivos e instrumentais. Como meios de segun-
do grau Jensen (2010) considera os de massa, como os livros
impressos, os jornais, os filmes, o rádio e a televisão, ou seja,
como ele explica, todas as formas de instituições midiáticas e
práticas comunicacionais baseadas no modelo um-todos. Em re-
lação aos meios de terceiro grau que Jensen (2010) fala sobre
a tecnologia digital e define essa categoria como metatecnolo-
gia. Para ele, o computador digital reproduz e promove uma re-
combinação de meios anteriores a ele em uma única plataforma
material; Jensen usa a expressão metatecnologia a partir de Kay
e Goldberg (1999/1977), que denominaram o computador de
metameio. O que Jensen (2010) tenta elucidar com sua classifi-
cação em três diferentes graus de materialização dos meios é
que práticas diversas decorrem desses níveis de materialidade.
Um meio material, explica ele, suporta variadas práticas comu-
nicativas. Assim, do modo como algumas práticas circulam de
maneira adequada por vários meios, outras práticas são retoma-
das quando novas plataformas comunicacionais são incorpora-
das, quando surgem novos dispositivos tecnológicos, como, por
exemplo, as trocas de mensagens de texto através de telefones
celulares. Sua argumentação não condiz com a ideia de que os
computadores e a Internet caracterizariam o ideal de conver-
gência pelo único e simples fato de reunirem todos os tipos de
comunicação anteriormente existentes. Ainda que o ambiente
digital seja propício para a reunião de diversos níveis de mate-