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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

num só ambiente ou dispositivo. Enquanto para a circulação a

apropriação é decorrente da constituição de um terceiro polo

comunicacional, para a convergência a apropriação é pré-requi-

sito para a consolidação do processo composto pelos três níveis

aqui mencionados. Para Fausto Neto (2010, p. 12, 14), a força

desse terceiro polo vem aumentando com o desenvolvimento de

instrumentos e práticas que redimensionam papéis e provocam

alterações num modelo comunicacional anteriormente limitado

à unilateralidade de processos. Braga (2012) explica que, além

das relações diretas entre produtor e receptor, é preciso enten-

der que o receptor dá continuidade ao que recebe e que isso não

está relacionado somente com a ocorrência de novos meios, mas

se dá em função de produtos da mídia de massa que circulam

e são retomados em outros ambientes, indo além da recepção,

como no exemplo que ele cita de um espectador diante da tela

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.

A partir da percepção de que os receptores possuem

um papel ativo, Braga (2012) explica que a circulação passa a

ser considerada como um espaço onde se reconhecem os des-

vios produzidos pela apropriação. A atividade dos receptores é

considerada por ele como um conjunto de interações tentativas,

que moldam os dispositivos através das apropriações. Fausto

Neto (2010) considera a centralidade da circulação no proces-

so comunicacional pela intensidade cada vez maior com que

as interações moldam a arquitetura dos processos. No caso do

Facebook, além de contribuir para a convergência no âmbito do

site, a apropriação define processos participativos. Diferentes

usos das funcionalidades do site geram situações em que a con-

vergência poderia ocorrer nos níveis técnico, social e cultural,

mas há limitações e barreiras internas que atravancam a ocor-

rência do processo de forma transparente e integral.

No modelo tradicional de comunicação que caracteri-

za os veículos de massa, a circulação de conteúdos depende da

esfera da produção, empenhada em distribuir informação a um

maior número possível de indivíduos, os quais se limitam a uma

atuação engessada pela carência de oportunidades interativas.

Fausto Neto (2010) explica que, por muitos anos, a circulação se

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Jenkins (2008) aborda a questão da transmídia, quando um produto midiático

circula e é consumido em diferentes meios através de diferentes formatos.