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Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo

to de mundo desse usuário. Não é, no entanto, o que acontece

no Facebook, onde o algoritmo limita a novidade, de forma que

permanecem próximos aqueles que já estão conectados e com-

partilham dos mesmos gostos, e permanecem afastados aqueles

que divergem e que poderiam contribuir para o acesso e o com-

partilhamento de conteúdos divergentes. Interatividade e parti-

cipação também são prejudicadas pela atividade do algoritmo.

Ainda que o uso e a apropriação do site aconteçam internamen-

te, as barreiras impostas pelo algoritmo limitam a criatividade

dos usuários, o que, segundo Pariser (2012), impede a inova-

ção. Novas dinâmicas sociais e culturais são menos estimuladas

quando se navega pelo mesmo, pelo trivial, pelo já conhecido.

Não enxergar o que circula pelo site atrofia o potencial de acesso

ao conhecimento e também as próprias práticas no site, impac-

tando na materialidade do dispositivo. Estar num site de rede

social pressupõe troca, atividade e engajamento. Trocar mais do

mesmo não gera inovação, seja técnica, social ou cultural.

4 Apontamentos finais

O tamanho que o Facebook atingiu já é razão para olhar

para o site com cuidado e atenção. A manipulação dos dados fei-

ta pela própria empresa

7

, o uso do algoritmo e as parcerias es-

tabelecidas com veículos jornalísticos são algumas das ações do

Facebook que merecem atenção na abordagem sobre o tema da

convergência. Quando discute as relações entre o campo comu-

nicacional e o econômico, Miège (2007) ressalta a problemática

existente em razão de os fenômenos que envolvem a comunica-

ção e a informação estarem cada vez mais dependentes de deci-

sões oriundas da esfera econômica. As condutas adotadas pelo

Facebook por certo se enquadram no que Miège (2007) chama

de “normas da produção capitalista avançada”, de modo que a

manipulação dos dados exercida através do algoritmo é feita não

apenas tendo em vista a organização dos conteúdos no site, mas,

7

Em 2012, o Facebook promoveu um estudo em que manipulou o feed de mais

de 700 mil usuários para verificar o impacto das publicações no humor. Fonte:

<

http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/01/facebook-pesquisa dor-se-desculpa-mas-reforca-beneficio-de-estudo-polemico.htm

>. Acesso: 13 jul.

/07/2015.