Operações de midiatização: das máscaras da convergência às críticas ao tecnodeterminismo
e talvez principalmente, com o intuito de absorver cada vez mais
informações que caracterizem os perfis dos usuários para trans-
formar esses dados em moeda de troca com outras empresas. O
trabalho de pesquisa que o Facebook realiza através da persona-
lização dos conteúdos não pode ser desprezado, pois de alguma
forma organiza o volume de conteúdo que circula no site. Ainda
assim, é sua fonte de lucro, e, a partir das informações obtidas
através dos filtros, é possível, então, desenvolver novas funcio-
nalidades, produtos, estabelecer relações com outras empresas
e veículos de comunicação, mantendo, assim, o controle sobre o
que circula no site e sobre a permanência desses usuários den-
tro do site, e limitando, assim, a sua evasão para outros espaços
na rede. A reflexão deste capítulo evocou os resultados de uma
pesquisa conceitual que investigou os níveis técnico, social e
cultural da convergência, a partir de uma crítica sobre a ênfase
no caráter tecnicista de algumas definições. Ao aproximar esse
entendimento da maneira centralizadora pela qual o Facebook
vem se inserindo no mercado midiático, funcionando através de
um algoritmo
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que impede os usuários de visualizarem deter-
minados conteúdos, definindo quais publicações esses usuários
irão ou não visualizar e estabelecendo parcerias com veículos
de comunicação para a publicação de conteúdo exclusivo dentro
da rede social, percebe-se a ilusão que tais práticas imprimem
noao usuário que busca no site uma vivência comunicacional
pautada pelos elementos norteadores da convergência. Ideais
de interatividade, participação, conexão e materialidade são
truncados pelas artimanhas do algoritmo focado na absorção de
dados para o posterior jogo de barganha com essas informações.
A rede que deveria ser social torna-se cada vez mais técnica, pri-
vilegiando a atividade maquínica em detrimento das dinâmicas
orgânicas. Esquemas de controle e monitoramento prevalecem
sobre vias de livre acesso, que acabam interditadas pelo ras-
treamento e pela personalização. De convergência técnica o
Facebook, e o resto da internet, estão muito bem providos. Resta
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Corrêa e Bertocchi (2012) recuperam a origem da palavra algoritmo, latinizada
e derivada do nome de Al Khowarizmi, um matemático árabe do século 19. Elas
recorrem a Skiena (2008) para definir o conceito na computação como um pro-
cedimento criado especificamente para o cumprimento de uma tarefa.